247 - Se alguém comprou ações da Petrobras, na última sexta-feira, apostando que a denúncia de Veja deste fim de semana iria abalar os alicerces da República e varrer de vez o Partido dos Trabalhadores da face da Terra (leia mais em "Rumor de bomba na Veja faz Petrobras disparar"), é melhor se preparar para um outro cenário.
Anunciada como o "núcleo atômico da delação", a reportagem de Veja deste fim de semana não tem força para alterar o quadro eleitoral. O texto, ilustrado com as imagens Antonio Palocci, Dilma Rousseff e um Luiz Inácio Lula da Silva desesperado, não será a bala de prata das
eleições presidenciais de 2014. Está mais para tiro de espoleta.
Veja alega ter tido acesso a mais um trecho da delação premiada
de Paulo Roberto Costa, ex-diretor da área de Abastecimento da
Petrobras. Nele, Costa diria ter sido procurado por Palocci, em
busca de sua ajuda para arrecadar R$ 2 milhões para a campanha
presidencial de Dilma Rousseff em 2010.
No mais, apenas conjecturas. "Quando as autoridades quiseram saber se o dinheiro
chegou ao caixa de campanha de Dilma em 2010, Paulo Roberto limitou-se a dizer
que acionou o doleiro Youssef para providenciar a ajuda. O ex-diretor disse aos
investigadores que não poderia dar certeza de que Youssef repassou o dinheiro
pedido pela campanha de Dilma, mas que aparentemente isso ocorreu, pois Antonio
Palocci não voltou a procurá-lo", diz um trecho.
Logo em seguida, a dúvida do "aparentemente" se reforça. "Mesmo que em seu
depoimento o ex-diretor não chegue a confirmar se os 2 milhões pedidos foram de
fato repassados à campanha presidencial de Dilma Rousseff, a revelação que ele fez
às autoridades é de alta gravidade. Independentemente de o dinheiro ter sido
repassado ou não." De acordo com Veja, caberá, agora, ao doleiro
Alberto Yousseff confirmar as denúncias feitas por Paulo Roberto
Costa.
Ainda que tudo o que foi dito pelo ex-diretor da Petrobras tenha
realmente acontecido, uma denúncia desse tipo, a uma semana das
eleições presidenciais, revela mais o desejo de Veja de influir no
processo eleitoral do que propriamente a busca por uma investigação consistente.
Em todo caso, não há o envolvimento direto da presidente Dilma
Rousseff. E delações premiadas podem também ser usadas por
criminosos para atenuar suas penas entregando alvos maiores. E as
acusações, em geral, só têm validade quando acompanhadas de
comprovação factual – o que, no caso Palocci, não foi colocado pela
reportagem de Veja, pontuada por seus "aparentemente" e
"independentemente de o dinheiro ter sido repasado ou não".
Além disso, com livre trânsito entre os empresários, Palocci não
precisaria de Paulo Roberto Costa para pedir doações a empreiteiras
como Odebrecht, Camargo Corrêa, Andrade Gutierrez, Queiroz Galvão
e outras. Por sinal, de acordo com o PT, as doações dss empreiteiras
em 2010 foram registradas.
No entanto, mesmo que não mude o rumo das eleições, a denúncia
de Veja fará sim algum barulho, numa toada já anunciada, nesta
manhã, por Reinaldo Azevedo, em seu blog. "Paulo Roberto Costa
revela: Palocci pediu dinheiro da quadrilha que operava na Petrobras
para a campanha de Dilma".
Veja tentou mais uma vez, mas ainda não matou a presidente
Dilma Rousseff.
http://www.brasil247.com/pt/247/midiatech/154931/Bala-de-
prata-de-Veja-%C3%A9-apenas-um-tiro-de-espoleta.htm
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