DE ESTILINGUE A VIDRAÇA
Ex-governador de Minas, ex-presidente nacional do PSDB,
ex-senador e agora, ex-deputado federal, Eduardo Azeredo
já pode acrescentar uma nova marca ao currículo: a de fujão. Ao
renunciar ao mandato parlamentar, abrindo mão do foro privilegiado
quando o “mensalão mineiro” estava prestes a ser julgado pela
suprema corte, ele nada mais fez do que manobrar para voltar à
primeira instância e, assim, protelar o desfecho do julgamento do
seu caso.
No ritmo natural da Justiça brasileira, caso seu processo retorne à
Justiça de Minas Gerais, ele dificilmente seria preso antes de 2018,
quando completará 70 anos. Poderia ficar livre de uma condenação
definitiva, assim como seu ex-vice governador, Walfrido dos Mares
Guia, que coordenou sua campanha frustrada à reeleição, em 1998
– o que muitos consideram o embrião do chamado mensalão.
Orientado por experientes advogados, Azeredo dependerá da boa
vontade dos ministros do Supremo Tribunal Federal e talvez tenha
escapado de uma punição, mas o mesmo não se aplica a seu partido,
o PSDB, que pretendia surfar na onda da ética nessas eleições de
2014.
Na mesma semana em que seu ex-presidente renunciou, outro grão
tucano, o vereador Andrea Matarazzo, que foi ministro e embaixador
no governo FHC, se tornou alvo de um inquérito aberto para investigar supostas propinas pagas pela multinacional francesa Alstom nos
setores de energia e transportes.
Por trás desses dois escândalos, o de Azeredo e o de Matarazzo,
está o mesmo problema, que é o financiamento de campanhas
políticas. Assim como Azeredo foi acusado de montar um esquema
para desviar recursos públicos e bancar sua reeleição, Matarazzo
também já foi apontado como um dos arrecadadores informais do ninho tucano.
Deveria interessar, portanto, ao PSDB discutir a fundo uma reforma
política, em vez de tentar se apropriar do discurso da ética. Afinal,
como lembrou o ministro Luís Roberto Barroso, relator do “mensalão
mineiro”, pau que bate em Chico também bate em Francisco.
http://www.brasil247.com/pt/247/artigos/131089/De-estilingue-a-vidra%C3%A7a.htm
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