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segunda-feira, 20 de outubro de 2014

ANTI-PETISMO É, NA VERDADE, SENTIMENTO ANTI-POBRES

A guerra é contra a redução da desigualdade

Quando Getúlio Vargas, em maio de 1954, anunciou o aumento de 100% no salário mínimo, estava dando, sem perceber, o início à sua via crucis. Houve forte oposição midiática, partidária e de setores de empresariado, em consonância com a insatisfação da minúscula classe média da época, além de militares de alta patente (lembrar do Memorial dos Coronéis). Rapidamente, do "descalabro financeiro" que a medida "certamente representaria" até o "mar de lamas da corrupção" a retórica anti-getulista só precisaria de um pequeno salto. Três meses foram o suficiente para levá-lo ao suicídio.



Lição da história: a discussão moralista sobre o "mar de lamas" atribuída ao PT pela mídia e oposição - como se fosse maior que em outros períodos - é só a cortina de fumaça para o problema real que hoje mobiliza, principalmente, as classes A e B contra Dilma: ninguém nestes estratos sociais aguenta mais o processo de desconcentração de renda, iniciada com Lula (ver ao lado a diferença impressionante entre os índices de intenção de votos num e noutro candidato nestes segmentos).

Aumento do salário mínimo acima do crescimento do PIB, ganhos reais das classes mais baixas, profissionalização das empregadas domésticas, ascensão de grupos sociais das classes E para D e D para a C, políticas de transferência de renda, cotas para universidades, tudo isso produz um profundo incômodo nas classes A, B e, não podemos esquecer, a C tradicional.

Mais carros nas ruas significa que pobres desceram dos ônibus, atrapalhando o trânsito. Mais gente nos restaurantes significa que "terei" que procurar os mais caros - o mesmo nas escolas privadas. Em que momento da história, vimos as classes A e B preocupadas com a saúde no país? Nunca. Até que uma "cambada" começou a adquirir planos e obrigou aqueles poucos usuários a migrar para planos mais caros.

A guerra atual é econômica. Encontrar o porteiro em Nova York realmente, como diria Danuza Leão, é insuportável.

Por isso cai como uma luva o pronunciamento de Armínio Fraga, afirmando que o salário mínimo está muito alto. É bem diferente ter que pagar R$ 750, ainda que míseros, para uma empregada doméstica fora os encargos, ou poder remunerar, como disse Delfim Neto, este "animal doméstico" com uns R$300 ou menos, que foi o SM que Fraga deixou quando saiu do governo em 2002.

Ora, um salário de 300 para uma jornada diária de 8 horas, e ainda quem sabe poder dormir no trabalho - naquele nojento "quartinho de empregada" - significa direito a mucamas, herdeiras da escravidão. Não ter este "direito" é demais para as classes mais abastadas. Ainda mais quando se sabe que ser abastado no Brasil é ganhar mais de 4 ou 5 mil reais.

Numa sociedade que atravessou o século com heranças escravagistas (basta ver quanto usineiros pagavam aos seus lavradores, antes da regulamentação do trabalho rural, ou como a mídia conservadora esperneou quando a Previdência passou, no governo Lula, a garantir a aposentadoria para camponeses), a ideia de uma sociedade mais igualitária ou, para ser mais preciso, menos "diferenciada" economicamente é um acinte.

A subida do salário mínimo referencia vários serviços: cabeleireiras podem cobrar mais - que abusadas - o pedreiro passa a querer "um absurdo", o condomínio ficou mais caro, porque o salário do porteiro está "pela hora da morte", e o motorista ousa me deixar na mão porque conseguiu coisa melhor: "Imagina, virou taxista e autônomo!". Tudo isso é insuportável para um país acostumado à transferência de renda às avessas.

Isso porque esta nação teve o desplante de saltar do vergonhoso penúltimo lugar entre os mais desiguais, à época de FHC, para a posição atual de 17o. em desigualdade - em 170 nações do mundo. É o fim dos tempos!

Há hoje 153 em melhores condições de igualdade (o tal índice Gini). Portanto, continuamos nos envergonhando. Mesmo assim, o governo petista que se cuide, se, reeleito, conseguir reduzir ainda mais a desigualdade.. O ódio de classe tende a se elevar a níveis quase nazistas nos próximos anos.

Pois a guerra é eminentemente econômica. As classes A e B e a C tradicional (principalmente na faixa intermediária) querem aquele mundo de volta. Assim que retiradas todas estas conquistas, o pais voltaria à sua calmaria habitual. Uma calmaria de cada um em seu lugar. Uma calmaria covarde, mantida muitas vezes sob punhos fortes. Se necessário, a gente chama a PM para conter os rebeldes. Ou quem sabe reduz a idade penal, para trancafiá-los desde novos.

As velhas classes médias tinham orgulho da desigualdade. Afinal, a pobreza material do outro escondia, como um maquiador profissional, a própria pobreza moral de uma elite que parece ter, mesmo sem ter vivido, saudade da escravidão.

Em tempo: O complexo de vira-latas tem mesma idade da "Abolição". Ao ver aqueles pretos libertos "vadios" nas ruas, não se aguentava. Já não bastava o calor? "Que Paris é esta meu deus?". Coincidentemente, ou não, é o mesmo complexo que vem servindo para a atual revolta das elites.  

quinta-feira, 9 de outubro de 2014

VEJA PORTUGAL E IMAGINE O BRASIL GOVERNADO PELO PSDB NEOLIBERAL

Um dos artigos que enviei de Portugal para o sítio Outras Palavras, durante visita de um mês a Portugal, há dois anos. As ilustrações são todas da imprensa portuguesa: 



Festa num país dividido

terça-feira, 9 de setembro de 2014

QUEM É CONTRA A QUEDA DE 76% NA MISÉRIA, VOTA CONTRA DILMA

POBREZA EXTREMA CAI 76% NO BRASIL COM LULA E DILMA


Brasil está a cada dia se tornando um País com menos desigualdades sociais. A pobreza crônica no Brasil caiu entre 2004 e 2012, em 76%, segundo estudo do Banco Mundial. Em 2004, 6,7% da população vivia em situação de pobreza crônica. Em 2012, o levantamento da instituição registrou que 1,6% da população brasileira era muito pobre. O estudo considerou pobres aqueles que ganham até R$ 140 mensais – valor superior ao R$ 77 mensais da linha de extrema pobreza.
Além da renda, o levantamento levou em consideração sete outras dimensões da pobreza: se as crianças e adolescentes até 17 anos estão na escola, os anos de escolaridade dos adultos, o acesso à água potável e saneamento, eletricidade, condições de moradia e, finalmente, a bens, como telefone, fogão e geladeira.
A pobreza é considerada crônica quando são registradas privações em pelo menos quatro das sete dimensões. O estudo utilizou dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), produzida pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
O Plano Brasil Sem Miséria é a principal iniciativa do governo Dilma para a superação da pobreza no País, e para este fim, reúne mais de 100 programas e ações integradas. O programa resgatou 22 milhões de pessoas da extrema pobreza, entre 2011 e 2013. Destes, oito milhões eram crianças.
Para obter este resultado, as ações do programa realizam transferência de renda, para alívio imediato da situação de vulnerabilidade; e abrem oportunidade de um futuro melhor para as famílias beneficiadas, ao promover acesso à educação, saúde e cidadania, desembocando em geração de trabalho e renda para estes brasileiros.
O Bolsa Família é uma das ações do plano e desde a sua criação, em 2004, já beneficiou 50 milhões de pessoas (14,1 milhões de famílias). Para ajudar os mais pobres a superar as dificuldades geradas pela falta de dinheiro, desde a criação do Brasil Sem Miséria em 2011, o governo reajustou em 44% o benefício médio pago a famílias pobres e em 84% o valor médio repassado a famílias extremamente pobres. É preciso destacar o impacto do Bolsa Família na economia: cada R$ 1,00 investido no programa estimula um crescimento de R$ 1,78 e o consumo das famílias salta para R$ 2,40.
“O Bolsa Família oferece livre-arbítrio e transfere autonomia ao cidadão. À medida que transfere renda, o Bolsa Família gera liberdade. Ao transferir renda e direito de escolher, o Bolsa Família se transforma em um programa emancipador. Ao invés de fortalecer o poder do Estado, transfere o poder ao cidadão”, declarou Dilma Rousseff durante a cerimônia de 10 anos do programa, comemorado em outubro/2013.
Mais Educação
Outra ação é o Pronatec Brasil Sem Miséria, que estimula os beneficiários do Bolsa Família e pessoas mais pobres a se qualificar profissionalmente, fazendo um curso de capacitação técnica. Desde 2011, quando foi criado, mais de 1,2 milhão de pessoas beneficiárias do Brasil Sem Miséria se matricularam em um dos 570 cursos oferecidos gratuitamente em 3.631 municípios. Só no primeiro semestre de 2014 foram oferecidas mais de 760 mil novas vagas.
“Um curso de capacitação permite que as pessoas melhorem de vida, mas é uma porta para o país, porque também garante que a nossa população – a nossa maior riqueza – vai ter outra qualidade, portanto, vai agregar valor aos produtos, vai melhorar a economia. Vamos poder continuar a crescer sempre”, disse a presidenta Dilma Rousseff, na formatura no Pronatec de beneficiários do plano. A colação ocorreu em abril/2014 em Feira de Santana.
O Pronatec é o maior programa de formação profissional da história do Brasil. Foi criado pelo governo Dilma em 2011 para interiorizar e democratizar a educação profissional e tecnológica. Em todo o Brasil, o programa já ofereceu cursos profissionalizantes para mais de sete milhões de brasileiros. Os cursos gratuitos são oferecidos nas escolas públicas federais, estaduais e municipais, nas unidades de ensino do Senai, Senac, Senar, Senat, e também em instituições privadas de ensino superior e de educação profissional técnica de nível médio.
http://www.saladeimprensadilma.com.br/2014/09/06/2398/

terça-feira, 3 de junho de 2014

PSDB ACOVARDOU-SE E NÃO UTILIZOU O RIO SÃO FRANCISCO CONTRA A SECA

O QUE FHC FEZ NA OBRA
DO SÃO FRANCISCO? DESISTIU !

Maior obra hídrica do Brasil, com mais de 10 mil empregos criados, ficou a ver navios com o Príncipe da Privataria


Com mais de 56,6% de avanço nas obras, a transposição do Rio São Francisco ficará totalmente pronta no fim de 2015, de acordo com o Ministro da Integração Nacional, Francisco Teixeira. Já são mais de 10 mil vagas criadas, o que faz da obra não ser só água, ser, também, emprego.

Orçado em R$ 8 bilhões, o projeto foi concebido em 1985 pelo já inexistente Departamento Nacional de Obras e Saneamento, mas chegou a ser planejado no reinado de D. Pedro 2º. 

(Clique aqui para ler “Obra do São Francisco: Chora, Kamel, chora”

E aqui para “Dilma e a seca: saiu do NE e foi para SP”)

A construção, que começou no governo Lula e segue no da Presidenta Dilma, garantirá água para 12 milhões de pessoas, em 390 municípios nos estados do Ceará, Pernambuco, Paraíba e Rio Grande do Norte.

Benefícios que não foram desfrutados pela população do semiárido brasileiro nos tempos de Fernando Henrique Cardoso. E que, provavelmente, não seriam, já que o ex-presidente desistiu da obra, como noticiou a Fel-lha (*) em 2001:



BRASIL EM AÇÃO

Projeto, adiado pela primeira vez por d. Pedro 2º, foi uma das promessas das campanhas de 1994 e 1998

FHC DESISTE DE TRANSPOR O RIO SÃO FRANCISCO


O presidente Fernando Henrique Cardoso desistiu de realizar a transposição do rio São Francisco, uma das suas promessas eleitorais das campanhas de 1994 e 1998. A decisão foi comunicada a assessores e parlamentares, segundo apurou a Folha.

(…)


“Agora não dá”

A decisão de abandonar o projeto da transposição foi transmitida pelo presidente nas últimas semanas a assessores e parlamentares. Nas conversas, o presidente usou como razão a atual seca no Nordeste, que reduziu a vazão do São Francisco para os níveis mais baixos dos últimos 30 anos.

Repetiu o argumento em entrevista publicada na sexta-feira no jornal “Correio Braziliense”: “Transposição, agora, não dá. Não tem água no São Francisco”, disse o presidente.

Na assessoria do Planalto, são enumerados outros quatro motivos para descartar a transposição. O primeiro é circunstancial. Segundo o próprio relatório de impacto ambiental encomendado pela Integração Nacional, a obra pode derrubar em até 10% a produção de energia da Chesf (a central hidrelétrica que utiliza as águas do rio) entre os reservatórios de Itaparica e Xingó.

(…)
http://www.conversaafiada.com.br/economia/2014/06/02/o-que-fhc-fez-na-obra-do-sao-francisco-desistiu/

quinta-feira, 29 de maio de 2014

AÉCIO (PSDB) QUER COMPLICAR PARA DEPOIS ACABAR COM O BOLSA-FAMÍLIA

ARROCHO COMEÇA A
DESTRUIR O BOLSA FAMÍLIA !

No fundo, no fundo, eles querem vender o Bolsa Família à Walmart​

INISTÉRIO DIZ QUE PROPOSTA DE AÉCIO PODE DESFIGURAR BOLSA FAMÍLIA



NOTA À IMPRENSA

Brasília, 28 – A proposta aprovada nesta quarta-feira (28) pela Comissão de Assuntos Sociais (CAS) do Senado desfigura o Bolsa Família no que é reconhecidamente a sua principal virtude: o foco nos mais pobres.

Atualmente, as regras do programa já protegem os beneficiários que melhoram de renda, por um período de dois anos após a superação da pobreza. O que a proposta aprovada faz é eliminar o limite de renda para a chamada regra de permanência.

Hoje, esse teto está fixado em meio salário mínimo per capita – ou R$ 362. Com a proposta aprovada pela comissão, uma família de quatro pessoas com renda acima de R$ 1.448 mensais poderia continuar recebendo o Bolsa Família, sem limite.

A regra de permanência existe desde 2008. No mês passado, 1,3 milhão de famílias, com renda maior do que R$ 140 per capita, já contaram com essa proteção. Dessas famílias, 936 mil recebiam o benefício extra há mais de seis meses.

A proposta aprovada pela CAS também cria uma nova condicionalidade para o pagamento do Bolsa Família, além da frequência às aulas para crianças e jovens e o acompanhamento de saúde. Segundo a proposta, os beneficiários maiores de 18 anos terão de cursar qualificação profissional para não perder o Bolsa. Isso significa que 20 milhões de beneficiários terão de fazer os cursos, independentemente da idade, da ocupação e da área de interesse profissional.

A lei já estabelece prioridade para os beneficiários do Bolsa Família no Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec). Mas destinar 20 milhões de vagas aos beneficiários da transferência de renda quando a maioria deles já trabalha tiraria a oportunidade de outros públicos-alvo, como desempregados e estudantes do ensino médio.

O governo é contra a proposta aprovada no Senado porque, a pretexto de aperfeiçoar o programa, ela ameaça desfigurar o Bolsa Família, uma política pública que atende a 14,1 milhões de famílias, com benefício médio de R$ 167 mensais, e cujo sucesso é reconhecido internacionalmente.

Assessoria de Comunicação Social do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome

PS do Viomundo: Os jornais deram grande destaque ao assunto, como se o tucano tivesse inventado o programa. É para uso na campanha. Também, uma vacina de Aécio contra qualquer sugestão futura de que ele pode pretender acabar com o Bolsa Família. Deu no G1: 
A Comissão de Assuntos Sociais (CAS) do Senado aprovou nesta quarta-feira (28) projeto de lei de autoria do senador Aécio Neves (PSDB-MG), pré-candidato à Presidência da República, que propõe alteração na lei que criou o programa Bolsa Família. A votação foi apertada, com 10 votos a favor e 9 contra.

Pela proposta, que ainda terá de ser analisada pela Comissão de Direitos Humanos antes que o texto seja submetido à Câmara dos Deputados, o beneficiário que tiver sua renda familiar elevada e perder a elegibilidade ao programa de transferência de renda terá garantido o pagamento da bolsa por, no mínimo, seis meses.
http://www.conversaafiada.com.br/politica/2014/05/28/arrocho-comeca-a-destruir-o-bolsa-familia/

domingo, 23 de fevereiro de 2014

DIMINUEM OS POBRES, AUMENTA A CLASSE MÉDIA: SÃO NÚMEROS

Brasil é hoje um país de classe média e tende a crescer mais, afirma estudo

19/2/2014 10:07
Por Redação - de São Paulo

classe média
A classe média brasileira foi fortalecida durante os dois governos do presidente Lula
Brasil deixou de ser um país de maioria pobre, na última década, para se tornar um país de classe média, segundo pesquisa divulgada, nesta quarta-feira, pela empresa de consultoria Serasa Experian. A próxima década, segundo o estudo, será a de ascensão para a classe alta e redução ainda maior da pobreza. A classe baixa passará de 49 milhões de pessoas em 2013 para 20 milhões em 2023, uma redução de 59%, segundo a pesquisa Faces da Classe Média realizada em parceria com o instituto Data Popular.
A classe média, neste período, passará de 108 milhões para 125 milhões de pessoas em uma década – crescimento de 16%. Já a classe alta terá um salto de 61%, passando de 44 milhões para 71 milhões de brasileiros, mostra o estudo, deixando clara ainda a concentração de renda no país. A pesquisa considera parte da classe média as famílias que têm renda mensal, por pessoa, entre R$ 320 a R$ 1.120.
Se a classe média brasileira fosse um país, seria o 12º mais populoso do mundo e o 18º em consumo, mostra o estudo. Viagens, eletrônicos e móveis para a casa estão no topo da lista de desejos do grupo, segundo a pesquisa. Essa parcela da população gastou R$ 1,17 trilhão e movimentou 58% do crédito no Brasil no ano passado.
A pesquisa destaca que a classe média, maioria da população brasileira, não é homogênea. Para disso, dividiu o retrato em quatro perfis:
Batalhadores: adultos com média de 40 anos de idade. São a maioria da classe média (39%) ou 30,3 milhões de pessoas. Valorizam o emprego e a estabilidade. Já conseguiram bens como casa própria e carro. Investem em educação e esperam um futuro melhor para os filhos. O grupo dos batalhadores gastou R$ 388,9 bilhões em 2013, principalmente em produtos e serviços para o bem-estar da família.
Experientes: mais velhos, têm idade média de 65 anos. São 20,5 milhões de pessoas (26% da classe média). Para preservar o padrão de consumo, muitos se mantêm no mercado de trabalho mesmo após a aposentadoria. O gasto desse grupo foi de R$ 274,0 bilhões no ano passado, com destaque para turismo nacional, eletroeletrônicos, serviços de saúde, móveis e eletrodomésticos.
Promissores: jovens adultos com média de 22 anos de idade. Representam um universo de 14,7 milhões de pessoas (19% da classe média). Esse grupo gastou R$ 230,8 bilhões em 2013, principalmente com beleza, veículos, educação, entretenimento, tecnologia e itens para casa. Mais da metade dos promissores (51%) assumem que sofrem de descontrole financeiro. Enxergam a vida como um campo de oportunidades.
Empreendedores: com idade média de 43 anos, este é o grupo mais escolarizado e com maior renda per capita. São 16% da classe média (11,6 milhões de pessoas). Os empreendedores buscam realizar sonhos e, ao mesmo tempo, trabalhar em uma atividade que gostam. O grupo gastou R$ 276 bilhões em 2013. Investem em educação, eletroeletrônicos, turismo internacional, tecnologia, veículos e entretenimento.
http://correiodobrasil.com.br/ultimas/brasil-e-hoje-um-pais-de-classe-media-e-tende-a-crescer-mais-afirma-estudo/

segunda-feira, 16 de dezembro de 2013

BRIGADA ANTI-POBRES APÓIA JOAQUIM E QUER USAR ARMAS!

Ato pró-Barbosa recolhe pedidos como 

direito a armas e menos impostos



DE SÃO PAULO

Atualizado às 22h24.
O evento foi convocado por maçons e por uma entidade da sociedade civil 
como um ato em apoio a Joaquim Barbosa, presidente do Supremo Tribu-
nal Federal, pela condução do processo do mensalão. Mas não ficou nisso.
Os 29 manifestantes que compareceram ao Parque do Povo, em São Paulo, 
bem como os visitantes do local, podiam registrar pedidos em filipetas dis-
tribuídas por um Papai Noel, que, entre uma badalada de sino e uma risada 
forçada, suava debaixo da roupa vermelha. Já no início da manhã, a tempe-
ratura era de 27°C no Itaim Bibi, zona oeste.
Depositados em uma urna acrílica, os pedidos davam o tom do protesto: 
foram solicitados "um país justo de impostos" e a Lei do Armamento, para 
a "plena defesa do cidadão: poder portar armas".
Os papéis seriam todos encaminhados ao gabinete de Dilma Rousseff, infor-
mava, no megafone, o líder do ato, o empresário Joe Diwan.
Os organizadores do protesto ressaltaram que os visitantes do parque tive-
ram liberdade de escrever o que quisessem, e que os pedidos depositados 
na urna não representam os ideais do movimento.
Um dos participantes sugeriu o seguinte: os políticos deveriam se fiar à lista 
de reclamações do Procon para conhecer as necessidades do povo. "Estão 
lá: celular e banco", disse Jose Chehembar.
Com faixas, cartazes e apitos- -e ladeado por quatro guardas-civis metropo-
litanos-- o grupo se postou no gramado central do parque para cantar o hi-
no nacional.
A associação envolvida no ato, Movimento Brasil Merece Mais, causou polêmi-
ca recente ao organizar uma rede de segurança privada em Higienópolis (cen-
tro), em que moradores podem "denunciar" a presença de algum "andarilho 
ou pedinte" no bairro.

domingo, 15 de dezembro de 2013

INFORME-SE ANTES DE FAZER PROPAGANDA ENGANOSA DOS EUA

Conheça 10 fatos chocantes sobre os EUA

Por Luis Soares, no blog Pragmatismo político:


Os EUA costumam se revelar ao mundo como os grandes defensores das liberdades, como a nação com a melhor qualidade de vida do planeta e que nada é melhor do que o “american way of life” (o modo de vida americano). A realidade, no entanto, é outra. Os EUA também têm telhado de vidro como a maioria dos países, a diferença é que as informações são constantemente camufladas. Confira abaixo 10 fatos pouco abordados pela mídia ocidental.

1. Maior população prisional do mundo.

Elevando-se desde os anos 80, a surreal taxa de encarceramento dos EUA é um negócio e um instrumento de controle social: à medida que o negócio das prisões privadas alastra-se como uma gangrena, uma nova categoria de milionários consolida seu poder político. Os donos destas carcerárias são também, na prática, donos de escravos, que trabalham nas fábricas do interior das prisões por salários inferiores a 50 cents por hora. Este trabalho escravo é tão competitivo, que muitos municípios hoje sobrevivem financeiramente graças às suas próprias prisões, aprovando simultaneamente leis que vulgarizam sentenças de até 15 anos de prisão por crimes menores como roubar chicletes. O alvo destas leis draconianas são os mais pobres, mas, sobretudo, os negros, que representando apenas 13% da população norte-americana, compõem 40% da população prisional do país.

2. 22% das crianças americanas vive abaixo do limiar da pobreza.

Calcula-se que cerca de 16 milhões de crianças norte-americanas vivam sem “segurança alimentar”, ou seja, em famílias sem capacidade econômica para satisfazer os requisitos nutricionais mínimos de uma dieta saudável. As estatísticas provam que estas crianças têm piores resultados escolares, aceitam piores empregos, não vão à universidade e têm uma maior probabilidade de, quando adultos, serem presos.

3. Entre 1890 e 2012, os EUA invadiram ou bombardearam 149 países.

O número de países nos quais os EUA intervieram militarmente é maior do que aqueles em que ainda não o fizeram. Números conservadores apontam para mais de oito milhões de mortes causadas pelo país só no século XX. Por trás desta lista, escondem-se centenas de outras operações secretas, golpes de Estado e patrocínio de ditadores e grupos terroristas. Segundo Obama, recipiente do Nobel da Paz, os EUA conduzem neste momente mais de 70 operações militares secretas em vários países do mundo.Leia também

O mesmo presidente criou o maior orçamento militar norte-americano desde a Segunda Guerra Mundial, superando de longe George W. Bush.
4. Os EUA são o único país da OCDE que não oferece qualquer tipo de subsídio de maternidade.

Embora estes números variem de acordo com o Estado e dependam dos contratos redigidos por cada empresa, é prática corrente que as mulheres norte-americanas não tenham direito a nenhum dia pago antes ou depois de dar à luz. Em muitos casos, não existe sequer a possibilidade de tirar baixa sem vencimento. Quase todos os países do mundo oferecem entre 12 e 50 semanas pagas em licença maternidade. Neste aspecto, os Estados Unidos fazem companhia à Papua Nova Guiné e à Suazilândia.

5. 125 norte-americanos morrem todos os dias por não poderem pagar qualquer tipo de plano de saúde.

Se não tiver seguro de saúde (como 50 milhões de norte-americanos não têm), então há boas razões para temes ainda mais a ambulância e os cuidados de saúde que o governo presta. Viagens de ambulância custam em média o equivalente a 1300 reais e a estadia num hospital público mais de 500 reais por noite. Para a maioria das operações cirúrgicas (que chegam à casa das dezenas de milhar), é bom que possa pagar um seguro de saúde privado. Caso contrário, a América é a terra das oportunidades e, como o nome indica, terá a oportunidade de se endividar e também a oportunidade de ficar em casa, torcendo para não morrer.
6. Os EUA foram fundados sobre o genocídio de 10 milhões de nativos. Só entre 1940 e 1980, 40% de todas as mulheres em reservas índias foram esterilizadas contra sua vontade pelo governo norte-americano.

Esqueçam a história do Dia de Ação de Graças com índios e colonos partilhando placidamente o mesmo peru em torno da mesma mesa. A História dos Estados Unidos começa no programa de erradicação dos índios. Tendo em conta as restrições atuais à imigração ilegal, ninguém diria que os fundadores deste país foram eles mesmos imigrantes ilegais, que vieram sem o consentimento dos que já viviam na América. Durante dois séculos, os índios foram perseguidos e assassinados, despojados de tudo e empurrados para minúsculas reservas de terras inférteis, em lixeiras nucleares e sobre solos contaminados. Em pleno século XX, os EUA iniciaram um plano de esterilização forçada de mulheres índias, pedindo-lhes para colocar uma cruz num formulário escrito em idioma que não compreendiam, ameaçando-as com o corte de subsídios caso não consentissem ou, simplesmente, recusando-lhes acesso a maternidades e hospitais. Mas que ninguém se espante, os EUA foram o primeiro país do mundo oficializar esterilizações forçadas como parte de um programa de eugenia, inicialmente contra pessoas portadoras de deficiência e, mais tarde, contra negros e índios.
7. Todos os imigrantes são obrigados a jurarem não ser comunistas para poder viver nos EUA.

Além de ter que jurar não ser um agente secreto nem um criminoso de guerra nazi, vão lhe perguntar se é, ou alguma vez foi membro do Partido Comunista, se tem simpatias anarquista ou se defende intelectualmente alguma organização considerada terrorista. Se responder que sim a qualquer destas perguntas, será automaticamente negado o direito de viver e trabalhar nos EUA por “prova de fraco carácter moral”.
8. O preço médio de uma licenciatura numa universidade pública é 80 mil dólares.

O ensino superior é uma autêntica mina de ouro para os banqueiros. Virtualmente, todos os estudantes têm dívidas astronômicas, que, acrescidas de juros, levarão, em média, 15 anos para pagar. Durante esse período, os alunos tornam-se servos dos bancos e das suas dívidas, sendo muitas vezes forçados a contrair novos empréstimos para pagar os antigos e assim sobreviver. O sistema de servidão completa-se com a liberdade dos bancos de vender e comprar as dívidas dos alunos a seu bel prazer, sem o consentimento ou sequer o conhecimento do devedor. Num dia, deve-se dinheiro a um banco com uma taxa de juros e, no dia seguinte, pode-se dever dinheiro a um banco diferente com nova e mais elevada taxa de juro. Entre 1999 e 2012, a dívida total dos estudantes norte-americanos cresceu à marca dos 1,5 trilhões de dólares, elevando-se assustadores 500%.
9. Os EUA são o país do mundo com mais armas: para cada dez norte-americanos, há nove armas de fogo.

Não é de se espantar que os EUA levem o primeiro lugar na lista dos países com a maior coleção de armas. O que surpreende é a comparação com outras partes do mundo: no restante do planeta, há uma arma para cada dez pessoas. Nos Estados Unidos, nove para cada dez. Nos EUA podemos encontrar 5% de todas as pessoas do mundo e 30% de todas as armas, algo em torno de 275 milhões. Esta estatística tende a se elevar, já que os norte-americanos compram mais de metade de todas as armas fabricadas no mundo.
10. Há mais norte-americanos que acreditam no Diabo do que os que acreditam em Darwin.

A maioria dos norte-americanos são céticos. Pelo menos no que toca à teoria da evolução, já que apenas 40% dos norte-americanos acreditam nela. Já a existência de Satanás e do inferno soa perfeitamente plausível a mais de 60% dos norte-americanos. Esta radicalidade religiosa explica as “conversas diárias” do ex-presidente Bush com Deus e mesmo os comentários do ex-pré-candidato republicano Rick Santorum, que acusou acadêmicos norte-americanos de serem controlados por Satã.

quinta-feira, 28 de novembro de 2013

IMPRESSIONANTES PALAVRAS DO PAPA CONTRA O CAPITALISMO!!!

"Evangelii Gaudium" (A Alegria do Evangelho)

Em sua primeira exortação apostólica, dirigida a todos os católicos, sacerdotes e especialmente aos bispos, o Papa Francisco acaba de fazer uma análise severa do Capitalismo sem freios que vivemos hoje, que marginaliza povos inteiros em benefício de poucos que enriquecem selvagemente. 
As duras palavras do ex-cardeal argentino Jorge Bergoglio, hoje chefe supremo da Igreja Católica, contrariam toda a pregação de uma direita falsamente cristã que prefere aliar-se aos donos do poder econômico e político, ao invés de se postarem na defesa dos pobres. 
Trago os trechos mais importantes do documento papal, nos quais ele trata do Capitalismo como um sistema perverso. O texto está com a grafia do Português de Portugal, o que em nada dificulta o entendimento. O documento completo poder ser lido aqui: http://zerohora.clicrbs.com.br/rs/mundo/noticia/2013/11/leia-a-primeira-exortacao-apostolica-do-papa-francisco-evangelii-gaudium-4345991.html
53. Assim como o mandamento «não matar» põe um limite claro para assegurar o valor da vida humana, assim também hoje devemos dizer «não a uma economia da exclusão e da desigualdade social». Esta economia mata. Não é possível que a morte por enregelamento dum idoso sem abrigo não seja notícia, enquanto o é a descida de dois pontos na Bolsa. Isto é exclusão. Não se pode tolerar mais o facto de se lançar comida no lixo, quando há pessoas que passam fome. Isto é desigualdade social. Hoje, tudo entra no jogo da competitividade e da lei do mais forte, onde o poderoso engole o mais fraco. Em consequência desta situação, grandes massas da população vêem-se excluídas e marginalizadas: sem trabalho, sem perspectivas, num beco sem saída. O ser humano é considerado, em si mesmo, como um bem de consumo que se pode usar e depois lançar fora. Assim teve início a cultura do «descartável», que aliás chega a ser promovida. Já não se trata simplesmente do fenómeno de exploração e opressão, mas duma realidade nova: com a exclusão, fere-se, na própria raiz, a pertença à sociedade onde se vive, pois quem vive nas favelas, na periferia ou sem poder já não está nela, mas fora. Os excluídos não são «explorados», mas resíduos, «sobras».
54. Neste contexto, alguns defendem ainda as teorias da «recaída favorável» que pressupõem que todo o crescimento económico, favorecido pelo livre mercado, consegue por si mesmo produzir maior equidade e inclusão social no mundo. Esta opinião, que nunca foi confirmada pelos factos, exprime uma confiança vaga e ingénua na bondade daqueles que detêm o poder económico e nos mecanismos sacralizados do sistema económico reinante. Entretanto, os excluídos continuam a esperar. Para se poder apoiar um estilo de vida que exclui os outros ou mesmo entusiasmar-se com este ideal egoísta, desenvolveu-se uma globalização da indiferença. Quase sem nos dar conta, tornamo-nos incapazes de nos compadecer ao ouvir os clamores alheios, já não choramos à vista do drama dos outros, nem nos interessamos por cuidar deles, como se tudo fosse uma responsabilidade de outrem, que não nos incumbe. A cultura do bem-estar anestesia-nos, a ponto de perdermos a serenidade se o mercado oferece algo que ainda não compramos, enquanto todas estas vidas ceifadas por falta de possibilidades nos parecem um mero espectáculo que não nos incomoda de forma alguma.
Não à nova idolatria do dinheiro
55. Uma das causas desta situação está na relação estabelecida com o dinheiro, porque aceitamos pacificamente o seu domínio sobre nós e as nossas sociedades. A crise financeira que atravessamos faz-nos esquecer que, na sua origem, há uma crise antropológica profunda: a negação da primazia do ser humano. Criámos novos ídolos. A adoração do antigo bezerro de ouro (cf. Ex 32, 1-35) encontrou uma nova e cruel versão no fetichismo do dinheiro e na ditadura duma economia sem rosto e sem um objectivo verdadeiramente humano. A crise mundial, que investe as finanças e a economia, põe a descoberto os seus próprios desequilíbrios e sobretudo a grave carência duma orientação antropológica que reduz o ser humano apenas a uma das suas necessidades: o consumo.
56. Enquanto os lucros de poucos crescem exponencialmente, os da maioria situam-se cada vez mais longe do bem-estar daquela minoria feliz. Tal desequilíbrio provém de ideologias que defendem a autonomia absoluta dos mercados e a especulação financeira. Por isso, negam o direito de controle dos Estados, encarregados de velar pela tutela do bem comum. Instaura-se uma nova tirania invisível, às vezes virtual, que impõe, de forma unilateral e implacável, as suas leis e as suas regras. Além disso, a dívida e os respectivos juros afastam os países das possibilidades viáveis da sua economia, e os cidadãos do seu real poder de compra. A tudo isto vem juntar-se uma corrupção ramificada e uma evasão fiscal egoísta, que assumiram dimensões mundiais. A ambição do poder e do ter não conhece limites. Neste sistema que tende a fagocitar tudo para aumentar os benefícios, qualquer realidade que seja frágil, como o meio ambiente, fica indefesa face aos interesses do mercado divinizado, transformados em regra absoluta.
Não a um dinheiro que governa em vez de servir
57. Por detrás desta atitude, escondem-se a rejeição da ética e a recusa de Deus. Para a ética, olha-se habitualmente com um certo desprezo sarcástico; é considerada contraproducente, demasiado humana, porque relativiza o dinheiro e o poder. É sentida como uma ameaça, porque condena a manipulação e degradação da pessoa. Em última instância, a ética leva a Deus que espera uma resposta comprometida que está fora das categorias do mercado. Para estas, se absolutizadas, Deus é incontrolável, não manipulável e até mesmo perigoso, na medida em que chama o ser humano à sua plena realização e à independência de qualquer tipo de escravidão. A ética – uma ética não ideologizada – permite criar um equilíbrio e uma ordem social mais humana. Neste sentido, animo os peritos financeiros e os governantes dos vários países a considerarem as palavras dum sábio da antiguidade: «Não fazer os pobres participar dos seus próprios bens é roubá-los e tirar-lhes a vida. Não são nossos, mas deles, os bens que aferrolhamos».
58. Uma reforma financeira que tivesse em conta a ética exigiria uma vigorosa mudança de atitudes por parte dos dirigentes políticos, a quem exorto a enfrentar este desafio com determinação e clarividência, sem esquecer naturalmente a especificidade de cada contexto. O dinheiro deve servir, e não governar! O Papa ama a todos, ricos e pobres, mas tem a obrigação, em nome de Cristo, de lembrar que os ricos devem ajudar os pobres, respeitá-los e promovê-los. Exorto-vos a uma solidariedade desinteressada e a um regresso da economia e das finanças a uma ética propícia ao ser humano.
Não à desigualdade social que gera violência
59. Hoje, em muitas partes, reclama-se maior segurança. Mas, enquanto não se eliminar a exclusão e a desigualdade dentro da sociedade e entre os vários povos será impossível desarreigar a violência. Acusam-se da violência os pobres e as populações mais pobres, mas, sem igualdade de oportunidades, as várias formas de agressão e de guerra encontrarão um terreno fértil que, mais cedo ou mais tarde, há-de provocar a explosão. Quando a sociedade – local, nacional ou mundial – abandona na periferia uma parte de si mesma, não há programas políticos, nem forças da ordem ou serviços secretos que possam garantir indefinidamente a tranquilidade. Isto não acontece apenas porque a desigualdade social provoca a reacção violenta de quantos são excluídos do sistema, mas porque o sistema social e económico é injusto na sua raiz. Assim como o bem tende a difundir-se, assim também o mal consentido, que é a injustiça, tende a expandir a sua força nociva e a minar, silenciosamente, as bases de qualquer sistema político e social, por mais sólido que pareça. Se cada acção tem consequências, um mal embrenhado nas estruturas duma sociedade sempre contém um potencial de dissolução e de morte. É o mal cristalizado nas estruturas sociais injustas, a partir do qual não podemos esperar um futuro melhor. Estamos longe do chamado «fim da história», já que as condições dum desenvolvimento sustentável e pacífico ainda não estão adequadamente implantadas e realizadas.
60. Os mecanismos da economia actual promovem uma exacerbação do consumo, mas sabe-se que o consumismo desenfreado, aliado à desigualdade social, é duplamente daninho para o tecido social. Assim, mais cedo ou mais tarde, a desigualdade social gera uma violência que as corridas armamentistas não resolvem nem poderão resolver jamais. Servem apenas para tentar enganar aqueles que reclamam maior segurança, como se hoje não se soubesse que as armas e a repressão violenta, mais do que dar solução, criam novos e piores conflitos. Alguns comprazem-se simplesmente em culpar, dos próprios males, os pobres e os países pobres, com generalizações indevidas, e pretendem encontrar a solução numa «educação» que os tranquilize e transforme em seres domesticados e inofensivos. Isto torna-se ainda mais irritante, quando os excluídos vêem crescer este câncer social que é a corrupção profundamente radicada em muitos países – nos seus Governos, empresários e instituições – seja qual for a ideologia política dos governantes.
(Os grifos são meus - ABF)

quarta-feira, 6 de novembro de 2013

CHAMADO DE "MARXISTA" ELEGE-SE PREFEITO DE NOVA IORQUE


O candidato do Partido Democrata Bill de Blasio, de 52 anos, foi eleito na terça-feira o novo prefeito de Nova Iorque, nos Estados Unidos. Se confirmadas as projeções do início da apuração, De Blasio terá a maior votação democrata na cidade, para candidatos ao primeiro mandato, desde 1897.
O democrata derrotou o republicano Joe Llota que, durante a campanha, atacava o adversário por ter, nos anos 80, participado de grupos de solidariedade aos esquerdistas sandinistas da Nicarágua. O jovem De Blasio chegou a visitar o país centro-americano levando alimentos e roupas doados para os mais pobres e as vítimas da guerra civil contra a ditadura direitista de Anastácio Somoza. Para o republicano, em comerciais de TV, De Blasio é um "marxista".
O vitorioso baseou sua campanha na promessa de aumentar os impostos para os mais ricos, para investir na pré-escola pública e na criação de mais oportunidades para as minorias e os bairros operários. Também criticou duramente a polícia do atual prefeito republicano, o bilionário Michael Bloomberg (que cumpriu três mandatos), chamada de "stop-and-frisk" (parar e revistar) aplicada especialmente contra os negros e hispânicos.
Em seu discurso diante dos primeiros resultados, De Blasio disse: "Estamos unidos na crença de que a nossa cidade não pode deixar nenhum nova-iorquino para trás. O povo desta cidade escolheu um caminho progressista e nesta noite partimos para seguir este rumo, como uma só cidade". Na campanha, De Blasio pregava que Nova Iorque estava dividida em suas cidades, uma dos ricos e outra dos pobres, o que ele promete lutar para corrigir.
O novo prefeito De Blasio é casado com uma mulher negra, e tem um filho que ele apresenta como "afro".

quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

TUCANOS ASSUMEM: SÃO O PARTIDO ANTI-POVO

Maria Inês Nassif: Tucanos fazem a opção preferencial contra os pobres

DEBATE ABERTO
O horror e a opção preferencial contra os pobres
Nada mais precisa ser dito para descrever a operação de despejo de Pinheirinho, em São José dos Campos, e a ação policial contra os usuários de crack no centro da capital, na chamada Cracolândia. Mas existem muitas explicações para a truculência, a desumanidade, a destituição do direito de cidadania aos pobres pelo poder público paulista.
É o horror. Nada mais precisa ser dito para descrever a operação de despejo de Pinheirinho, em São José dos Campos, e a ação policial contra os usuários de crack no centro da capital, na chamada Cracolândia. Mas existem muitas explicações para a truculência, a desumanidade, a destituição do direito de cidadania aos pobres pelo poder público paulista.
A primeira delas é tão clara que até enrubesce. Nos dois casos, trata-se de espantar o rebotalho urbano de terrenos cobiçados pela especulação imobiliária. O Projeto Nova Luz do prefeito Kassab, que vem a ser a privatização do centro para grandes incorporadoras, vai ser construído sob os escombros da Cracolândia, sem que nenhuma política social tenha sido feita para minorar a miséria ou dar uma opção séria para crianças, adolescentes e adultos que se consomem na droga.
O terreno desocupado com requintes de crueldade em São José dos Campos, de propriedade da massa falida do ex-mega-investidor Naji Nahas, que já era de fato um bairro, vai ser destinado a um grande investimento, certamente. O presente de Natal atrasado para essas populações pobres libera esses territórios antes que terminem os mandatos dos atuais prefeitos, e o mais longe possível do calendário eleitoral. Rapidamente, a prefeitura de São Paulo está derrubando imóveis; a prefeitura de São José não deve demorar para limpar o terrreno de Pinheirinho das casas – inclusive de alvernaria – das quais os moradores foram expulsos.
Até outubro, no mínimo devem ter feito uma limpeza na paisagem, o que atenua nas urnas, pelo menos para a classe média, a ação da polícia. A higienização justifica a truculência policial. A “Cidade Limpa” de Kassab, que começou com a proibição de layouts na cidade, termina com a proibição de exposição da pobreza e da miséria humana.
A segunda é de ordem ideológica. Desde a morte de Mário Covas, que ainda conseguia erguer um muro de contenção para o PSDB paulista não guinar completamente à direita, não existe dentro do partido nenhuma resistência ao conservadorismo. Quando Geraldo Alckmin reassumiu o governo do Estado, em janeiro de 2011, muitas análises foram feitas sobre se ele, por força da briga por espaço político com José Serra dentro do partido, iria trazer o seu governo mais para o centro. A referência tomada foi o comando da Segurança Pública, já que em seu mandato anterior a truculência do então secretário, Saulo de Castro Abreu Filho, virou até denúncia contra o governo de São Paulo junto à Comissão de Direitos Humanos da Organização dos Estados Americanos.
O fato de ter mantido Castro fora da Segurança e se aproximado do governo federal, incorporando alguns programas sociais federais, e uma relação nada íntima com o prefeito da capital, deram a impressão, no primeiro ano de governo, que Alckmin havia sido empurrado para o centro. O que não deixava de ser uma ironia: um político que nunca escondeu seu conservadorismo foi deslocado dessa posição por um adversário interno no partido, José Serra, que, vindo da esquerda, tornou-se a expressão máxima do conservadorismo nacional.
Isso não deixa de ser uma lição para a história. Superado o embate interno pela derrota incondicional de José Serra, que desde a sua derrota vinha perdendo terreno no partido e foi relegado à geladeira, depois da publicação de “Privataria Tucana”, do jornalista Amaury Ribeiro Júnior, Alckmin volta ao leito. O governador é conservador; o PSDB tornou-se orgânicamente conservador, depois de oito anos de governo Fernando Henrique Cardoso (FHC) e oito anos de posição neoudenista. A polícia é truculenta – e organicamente truculenta, já que traz o modelo militar da ditadura e foi mais do que estimulada nos últimos governos a manter a lei, a ordem e esconder a miséria debaixo do tapete.
O nome de quem faz a gestão da Segurança Pública não interessa: está mais do que claro que passou pelo governador a ordem das invasões na Cracolândia e em Pinheirinho.
Outra análise que deve ser feita é a da banalização da desumanidade. Conforme a sociedade brasileira foi se polarizando politicamente entre PSDB e PT, a questão dos direitos humanos passou a ser tratada como um assunto partidário. O conservadorismo despiu-se de qualquer prurido de defender a ação policial truculenta, de tomar como justiça um Judiciário que, nos recantos do país, tem reiterado um literal apoio à propriedade privada, um total desprezo ao uso social da propriedade e legitimado a ação da polícia contra populações pobres (com nobres exceções, esclareça-se).
Para os porta-vozes desses setores, a polícia, armada, “reage” com inofensivas balas de borracha à agressão dos moradores que jogam pedras perigosíssimas contra escudos enormes da tropa de choque. No caso de Pinheirinho, a repórter Lúcia Rodrigues, que estava na ocupação, na sexta-feira, foi ela própria alvo de duas balas letais, vindas da pistola de um policial municipal. Ela não foi atingida, mas duvida, pela violência que presenciou, das informações de que tenha saído apenas uma pessoa gravemente ferida daquele cenário de guerra.
(*) Colunista política, editora da Carta Maior em São Paulo