domingo, 16 de janeiro de 2011

HONDURAS MUDA CONSTITUIÇÃO "IMUTÁVEL"


Quando os militares, com apoio do Judiciário e do Congresso, derrubaram o presidente constitucional Manuel Zelay, em meados de 2009, toda a direita brasileira e sua mídia aplaudiram o golpe, alegando que Zelaya estaria querendo mudar a Constituição para ter direito à reeleição. O artigo 5 da lei maior hondurenha, que proibia qualquer iniciativa de reeleição (foi aprovado depois de anos de ditadura e visava evitar que outro governante se eternizasse como no passado) seria "cláusula pétrea" e mesmo convocar o povo (fonte de todo o Poder, segundo os melhores manuais de regras democráticas) já era justificativa para a quartelada.
Por ironia, depois do golpe realizaram-se eleições suspeitas em janeiro de 2010, e foi eleito Porfírio Lobo, que era exatamente o presidente do Congresso (substituto de Michelleti, que usurpou a Presidência da República no golpe). Este mesmo Lobo, agora aplaude que o Congresso tenha modificado o artigo 5: passam a ser permitos o plebiscito e o referendo para que o eleitorado altere pontos da Constituição, inclusive a "claúsula pétrea". Fizeram agora o que custou o mandato legal de Manuel Zelaya há menos de dois anos!
Só que agora os indignados "democratas" da direita-burra e sua mídia no Brasil fazem de conta que nada têm a ver com o assunto: saem de fininha, assobiando, como bons malandros. Ora, onde estão os editoriais indignados contra os que acabam de dar "um golpe dentro do golpe"? Onde está aquele imbecil do Reinaldo Azevedo, que festejou o golpe de 2009, jactando-se de ter sido o único jornalista brasileiro que leu a Constituição de Honduras - e, portanto, podia jurar sobre a Bíblia que ela era imutável, sagrada, intocável? Com a covardia que o caracteriza, até a tarde deste domingo (a mudança legal foi na quinta-feira passada) o Rei do Esgoto não se pronunciou - está ocupado culpando Lula, Dilma e Sérgio cabral pela tragédia no Rio, enquanto omite as responsabilidades de Serra, Kassab e Alckmin no caos de São Paulo.
Esta é a direita-burra, e por atitudes como esta é que ela não tem votos. Jamais chegará ao poder enquanto se comportar com ódio, e nada além de ódio, por tudo que seja avanço do povo brasileiro e latino-americano.
Depois de dizer que a mudança (que terá que ser votada outra vez a partir de 25 de janeiro, por novo Congresso, onde o governo continua tendo maioria) "rompe as cadeias que impediam o povo de falar", Logo foi perguntado sobre qual a diferença entre o que pretendia Manuel Zelaya (o derrubado) e ele: "A diferença é que nosso amigo queria ficar no poder, e eu não serei candidato, deixarei o governo em janeiro de 2014". Veremos...

Para se começar a entender as verdadeiras razões do golpe contra Zelaya, que nada tiveram a ver com defesa de princípios democráticos, basta saber que no dia 28 de fevereiro chega a Honduras a primeira missão fiscalizadora do FMI. Os auditores querem saber se o novo governo fez todos os cortes determinados nos gastos sociais, como folha de pagamentos e investimentos em Educação e Saúde. E se Honduras tem condições de continuar pagando, com os juros que o Brasil conhece, os 900 milhões de dólares que tomou emprestados dos bancos internacionais, só em 2010. O FMI pode ficar tranquilo: às custas do povo hondurenho, as contas estão em dia...

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