quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

INTERNET AJUDOU A VITÓRIA DE DILMA

Marqueteiros de Obama falam de Dilma na web

Blue State Digital publica resumo sobre campanha da petista

site de Dilma teve mais de 4,5 milhões de visitantes únicos...

...mas militantes virtuais cadastrados pró-petista são só 200 mil
(Obama conseguiu arregimentar 13,5 milhões em 2008)

A Blue State Digital, composta por pessoas que ajudaram Barack Obama em sua campanha na web em 2008, publicou um relato sobre como foi a campanha de Dilma Rousseff a presidente do Brasil no ano passado.


Eis o que diz a Blue State:


audiência: “mais de 4,5 milhões de pessoas visitaram os websites da campanha e milhares compartilharam histórias sobre suas esperanças para o Brasil e seu apoio para Dilma”;

construção de uma comunidade: em menos de seis meses, mais de 200 mil pessoas se alistaram para receber atualizações sobre os websites da campanha de das atividades pessoais de Dilma. Essas pessoas também enviaram mais de 400 mil convites para os seus parentes e amigos [para que também se juntassem a esse grupo]”;

mídia social: “o Twitter da campanha atraiu mais de 350 mil seguidores em menos de 6 meses”;

comunicação por e-mail: “ao se conectar a mais de 1 milhão de pessoas, o programa de e-mail produziu mais tráfego [audiência] do que o Twitter, Facebook e Orkut [da campanha] combinados.

A Blue State é comandada por Joe Rospars. No Brasil, fez uma aliança com a Pepper Interativa, da experiente Danielle Fontelles –que já havia trabalhado antes com o marqueteiro João Santana, responsável pela publicidade dilmista em 2010. A Pepper também fez um balanço da campanha de Dilma, mas com alguns números um pouco diferentes dos divulgados pela Blue State.

Por exemplo, a Pepper fala que o “site oficial da campanha, owww.dilma13.com.br, arregimentou um banco de dados composto de centenas de milhares de emails, apoiadores que compartilharam o seu conteúdo em suas redes sociais com a ferramentas disponíveis, o que gerou um fluxo de quase 4 milhões de visitantes únicos durante toda a campanha. Só no segundo turno, foram mais de 3 milhões de visitas ao site”.

O número total de visitantes únicos em 6 meses, sejam 4 milhões ou pouco mais de 4,5 milhões, é pouco impressionante para um país como o Brasil, com mais de 70 milhões de pessoas conectadas. A homepage do UOL, por exemplo, tem bem mais de 30 milhões de visitantes únicos por mês.

A principal contribuição da Blue State Digital foi o gerenciamento do sistema de e-mails dos militantes que se cadastraram como apoiadores de Dilma. O sistema é complexo e foi muito eficaz para Barack Obama nos EUA.

Quando um militante se inscrevia no ano passado para receber notícias sobre a campanha de Dilma, essa pessoa passava a ser monitorada –de maneira consentida– de acordo com as suas ações na web. Por exemplo, se ao receber um boletim sobre a campanha petista o militante dava um “encaminhar” na mensagem para outros e-mails, isso ficava registrado.

Apoiadores virtuais que tinham o costume de espalhar as notícias de Dilma eram então catalogados como os mais ativos e passavam a receber e-mails diferenciados.

No Brasil, o problema é que não existem bases confiáveis de e-mails de pessoas que poderiam ser contatadas pelas campanhas políticas. Cada candidato teve de partir quase do zero. Dilma recebeu a listagem de registros de filiados do PT, que era pouco consistente (para não dizer um lixo quase completo, infestado de "hotmails" inválidos). No final, a equipe da petista montou um arquivo com 200 mil e-mails "quentes", de gente que de fato se interessou espontaneamente pela campanha dela na web.

Esses 200 mil e-mails de apoioadores de Dilma são o maior legado virtual de sua candidatura para o PT. Não há como fazer campanha digital sem ter uma base ampla e consistente de e-mails cadastrados. Ainda assim, esses 200 mil representam uma conquista modesta, sobretudo quando o número é comparado aos 13,5 milhões de militantes virtuais que se alistaram na campanha de Barack Obama.

Nos EUA, há uma facilidade extra: grandes redes varejistas vendem seus cadastros de e-mails para políticos em campanha –o que se tornou um grande negócio. Aqui, essa prática é só uma questão de tempo.

O trabalho da Blue State Digital em parceria no Brasil com a Pepper Interativa mostra que há muito trabalho duro pela frente para os partidos políticos interessados em fazer campanha eleitoral eficaz na web. A montagem de bancos de dados de militantes virtuais que de fato existem no mundo real é o primeiro passo --e também um dos mais difíceis.


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