247 – A sexta cúpula dos Brics, encerrada na quarta-feira 16,
em Brasília, trouxe à luz do dia os primeiros resultados concretos
de uma política externa alternativa que vem sendo praticada pelo
Itamaraty, com a presidente Dilma Rousseff à frente, nos últimos
anos. Sem grandes festejos, enfrentando problemas mas, ao
mesmo tempo, sem arredar pé do rumo escolhido, o País foi se
afastando da influência política dos Estados Unidos e dos moldes
tradicionais da parceria comercial com a Europa. Ao contrário das
projeções pessimistas, os resultados positivos estão aparecendo.
Em ações criticadas, mas efetivamente praticadas no plano político,
como a não reação sobre os conflitos separatistas na Ucrânia, e
movimentos rápidos no campo econômico, a exemplo da disposição
para criar o banco dos Brics, a diplomacia brasileira passou a
realizar atos concretos - e não apenas formular hipóteses. Um
exemplo dessa disposição já fora dada, pelo comando pessoal de
Dilma, no trabalho vitorioso em torno da candidatura do embaixador
Roberto Azevedo ao comanda da Organização Mundial do Comércio.
Ser a zebra deu certo.
Agora, tendo na vitrine o Novo Banco de Desenvolvimento, com
capital de US$ 50 bilhões reunido por Brasil, Rússia, China, Índia
e África do Sul e o fundo de contingência de US$ 100 bilhões, os
Brics ganharam organicidade e uma poderosa ferramenta de ação.
Com a intenção de operar o quanto antes, os cinco sócios,
apresentados pela presidente Dilma Rousseff, travaram um
contato inédito com presidentes do continente americano.
Organismo criado por iniciativa do Brasil, a Unasul compareceu em
peso ao encontro em que os donos da nova instituição de
financiamento apresentaram as linhas gerais de apoio a obras
de infraestrutura. Ao mesmo tempo, acenaram que o fundo de
contingenciamento pode ser usado por diferentes países além
dos Brics.
Não é sonho. Além da dinamização no comércio entre o Brasil e os
parceiros do grupo, a organicidade dos Brics instala um novo ponto
de aglutinação para os países que, na década de 1970, eram
chamados de 'não alinhados'. O Itamaraty sempre exerceu influência
sobre esse conjunto de países, entre os quais muitas nações
africanas e do oriente médio, mesmo sem assumir um papel de
liderança. Mas, agora, com uma correção e um ampliação de eixo,
chegando às gigantes China e Rússia, a força é outra.
Antes que reações críticas ou, ao menos, frias chegassem da
comunidade internacional, a presidente Dilma Rousseff afirmou que
o banco dos Brics "não é contra ninguém". O mesmo vale para a ação
política que, aos poucos, o grupo pode começar a desenvolver com
mais frequência nos foros internacionais como o G20. Na forma dos
Brics, um novo ator está entrando na cena mundial.
Diria: é o Brasil em boas maõs!
ResponderExcluir