247 – A se tomar ao pé da letra, o principal compromisso assumido
pelos dois principais presidenciáveis da oposição, nas sabatinas
feitas pela Confederação Nacional da Indústria, sugere, mais uma
vez, que eles têm surpresas a serem reveladas somente em caso
de vitória.
Tanto Eduardo Campos, do PSB, que foi entrevistado ontem na
parte da manhã, quanto Aécio Neves, do PSDB, que se apresentou
em seguida, frisaram que "na primeira semana" em que chegarem
à Presidência da República, caso vençam a disputa, pretendem
baixar medidas econômicas. Não ficou claro, porém, qual a exata
dimensão dessa iniciativa.
Campos, que compareceu com a candidata a vice Marina Silva ao
seu lado, garantiu que baixará medidas na área tributária logo
nos primeiros dias de sua possível gestão. De maneira genérica,
ele garantiu que suas ações terão o sentido de simplificar e equalizar
melhor o peso dos tributos sobre o empresariado e a sociedade. Mas
não foram detalhadas quais seriam, ponto a ponto, essas medidas.
Diante da necessidade de aumentar a arrecadação do governo, para
equilibrar o déficit público, seria factível a Campos promover um
choque de impostos? Ou, ao contrário, abrir um pacote de bondades
capaz de animar os empresários a novos investimentos? Quem sairia ganhando? E perdendo?
Aécio, por seu lado, também bateu na tecla de agir com decisão
"na primeira semana" de seu eventual mandato, que ele considerou
até mais importante que "o primeiro mês". Na visão do presidenciável
tucano, é logo no começo da gestão que um governante tem "capital
político fortalecido" para adotar "medidas corajosas" que julgar
necessárias.
Meses atrás, ainda esse ano, em reuniões sucessivas com
empresários em São Paulo, o ex-governador de Minas Gerais chegou
a falar em "medidas amargas", mesma expressão usada, no mesmo
foro - a casa do empresário João Doria Jr. -, por Campos. Diante da
cobrança de políticos governistas, como a senadora Gleisi Hoffmann,
sobre quais serão essas iniciativas, ambos desconversaram.
Agora, na CNI e com a aproximação da eleição, o tucano e o
socialista voltam a falar em agir com impacto logo de saída. Ambos
consideram que a sociedade brasileira enfrenta um momento tão
adverso que demandaria muitas novidades em matéria de política
econômica para acelerar nos trilhos do desenvolvimento.
A única a não prometer alterações radicais no curso da administração
é a presidente Dilma Rousseff. Ela se comprometeu a incorporar ideias
entre os 42 pontos citados pela CNI como cruciais para o
desenvolvimento. Mas acentuou que, "ao contrário do que foi feito
antes", não pretende "desorganizar a economia como ocorreu com
as idas do País ao FMI" durante o governo do presidente Fernando
Henrique. Para Dilma, a política econômica deve seguir o rumo atual,
apenas com ajustes pontuais.
No cenário eleitoral de 2014, o debate sobre como cada candidato
irá agir sobre a economia está apenas começando. Já se dá pela
falta, porém, de esclarecimentos que diminuam o risco de surpresas desagradáveis para o eleitor como mais um pacote econômico –
seja ele de que tamanho for.
http://www.brasil247.com/pt/247/poder/148496/O-Brasil-precisa-
de-um-pacote-econ%C3%B4mico.htm
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Os comentários são bem-vindos, desde que não contenham expressões ofensivas ou chulas, nem atentem contra as leis vigentes no Brasil sobre a honra e imagem de pessoas e instituições.