quarta-feira, 30 de julho de 2014

TV COM MELHOR TIME DA ESQUERDA TRANSMITE PARA OS AMERICANOS

TELESUR

A televisão do chavismo se lança à conquista dos EUA

Por Ewald Scharfenberg em 29/07/2014 
A emissora venezuelana Telesur decidiu seguir o mesmo caminho de canais 
de televisão como Al Jazeera ou Russia Today, ambas com programação 
informativa com alcance global e recursos estatais. Nesta quarta-feira, em 
sua sede de Caracas, foi apresentada a programação em inglês da 
emissora, com a qual espera conquistar o público dos Estados Unidos.
A Telesur foi fundada em 2005, por iniciativa do ex-presidente Hugo Chávez 
e graças à participação de Argentina, Cuba e outros quatro Governos 
progressistas da região. A emissora, com programação regular em espanhol, 
pode ser definida como a CNN da Alba (a aliança econômica e política do 
chavismo no hemisfério). Os executivos do canal afirmam que o objetivo é 
oferecer uma visão distinta daquela proporcionada pelos meios de 
comunicação do chamado mainstream, como a própria emissora norte-
americana.
A nova versão em inglês estará disponível em sua página web a partir desta 
quinta-feira. A diretora da Telesur, a colombiana Patricia Villegas, afirma que 
não é una versão traduzida da rede em espanhol, mas uma plataforma 
multimídia criada por anglófonos nativos. A partir de agora, seu principal 
centro de produção será em Quito, a capital equatoriana.
Está previsto que em um ano o canal conte com sinal ao vivo e por satélite. 
A estratégia, segundo explicou Villegas, é aproveitar os hábitos de consumo, 
de entretenimento e de informação do público jovem norte-americano 
relacionados com a Internet.
“Vimos como outros canais tiveram de mudar suas linhas editoriais para 
poder estar nas telas dos Estados Unidos, algo que a Telesur obviamente 
não fará”, adverte a diretora. “Mas também queremos evitar as dificuldades 
que tivemos até agora para entrar nos pacotes das operadoras de televisão 
paga. Complicações de origem política”, assinala. A ideia é que o público, 
tendo degustado a programação por meio da Internet, exija a incorporação 
do canal a seus provedores de televisão por assinatura.
“Alto nível”
O menu posto à disposição dos usuários inclui colunas semanais de 
personagens como Noam Chomsky e Steve Early. O prato forte, entretanto, 
são as produções em vídeo, acessíveis ao vivo ou à la carte. Haverá espaços 
informativos e de entrevistas com correspondentes em nove cidades de toda 
a América, além de programas como O show de Laura Flanders, gravado em 
Nova York.
Tariq Ali, o escritor britânico de origem paquistanesa, também terá um 
programa semanal no qual explicará o funcionamento do “único império global 
da história: o norte-americano”. Também fará uma análise crítica dos meios de comunicação internacionais.
Ali forma parte do conselho assessor da emissora há nove anos. Foi roteirista 
de Ao sul da fronteira, a peça laudatória do diretor Oliver Stone sobre as 
“revoluções latino-americanas de princípios do século XXI”. Esteve presente 
em Caracas no lançamento do programa e já havia defendido o canal na 
Inglaterra.
“Nos últimos dias, em Londres e Manchesterm houve protestos contra a 
cobertura que a BBC fez ao assalto israelense em Gaza”, afirma este escritor 
como exemplo da oportunidade que a Telesur tem para vender um jornalismo 
“alternativo e crítico”. “Nós não vamos dizer aos telespectadores que aceitem 
como verdade única o que mostramos, mas é una visão alternativa para que 
formem suas próprias opiniões e que reforça a pluralidade e a democracia”, 
sentencia.
Ali esclareceu que este projeto conservará sua independência e que não 
concorda com o provérbio que afirma que “o inimigo do meu inimigo é meu 
amigo”. “Há muitos anos sou crítico dos regimes árabes”, alguns dos quais 
se comportam como aliados em escala global do chavismo. “Mas isso não 
quer dizer que apoie as intervenções estrangeiras nos países árabes, cujas 
situações têm de avançar de maneira orgânica”, afirma.
O escritor garantiu que não está preocupado com as críticas que a Telesur 
possa receber de outros meios jornalísticos: “Já sabemos que seremos 
criticados e por quê. O importante será manter um alto nível de produção 
e informação confiável”.
***
Ewald Scharfenberg, do El País
http://www.observatoriodaimprensa.com.br/news/view/_ed809_a_televisao_do
_chavismo_se_lanca_a_conquista_dos_eua

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