247 – O relatório destinado a clientes ricos, produzido pelos
analistas do banco Santander, no qual projetam perdas
financeiras diante de uma escalada da presidente Dilma
Rousseff nas pesquisas eleitorais é típico. O pedido de
desculpas feito logo a seguir à divulgação da peça não esconde
o fato de que sempre, entra e sai eleição para presidente,
tanto o mercado financeiro quanto os empresários de maior
visibilidade procuram, acima de todas as coisas, temer,
rejeitar e demonizar os candidatos de esquerda à Presidência
da República.
Como quem tem chances reais de vencer, desde 1989, são
os candidatos do PT – com Lula cinco vezes candidato, e Dilma
Rousseff desenvolvendo agora sua segunda campanha -, o
nome do partido e a própria legenda acabando sofrendo a
pressão.
Hoje é folclore, virou piada, Mas quando o então presidente
da poderosa Federação das Indústrias do Estado de São Paulo
(Fiesp), Mario Amato, declarou que 800 mil empresários iriam
embora do País se Lula vencesse as eleições de 1989, a frase
foi levada muito a sério. Foi estampada na primeira página de
jornais como a Folha e o Estado, repercutiu em programas de
televisão e veio acompanhada de teses sobre a incapacidade
de governança do PT e intenções de intervir em empresas e
no mercado financeiro que, por fim, foram praticadas pelo
vitorioso Fernando Collor.
A demonização a Lula, no entanto, prosseguiu em todas as
campanhas nacionais disputadas pelo ex-presidente,
inclusive as que ele ganhou. Em 2002, a missão de superar
o tucano José Serra incluía, também, superar uma
impressionante série de rumores, boatos e fofocas que
apontavam para um estouro nas contas públicas no caso da
vitória do ex-metalúrgico. Com a chancela do banco americano
Goldman Sachs, o economista Daniel Tenengauzer ganhou seus
quinze minutos de fama ao criar o que chamou de "lulômetro".
Consistia em medir o nível da disparada da cotação do dólar
sobre o real de acordo com o crescimento que Lula apresentava
nas pesquisas. Assim, quanto mais o futuro presidente
avançava, mas o "lulômetro" apurava que se chegava mais perto
do fim do mundo cambial. O real seria pulverizado.
O que se viu, no entanto, desde o primeiro do mandato de
Lula foi a normalização de todos os grandes indicadores da
economia e, em seguida, o "espetáculo do crescimento" que
deu ao presidente uma reeleição tranquila.
Agora, ao completar 12 anos sem representantes de seu
campo político-ideológico no poder central, setores do sistema
financeiro e da classe empresarial voltam a dar as mãos para
rezar o mantra do medo da esquerda acima de todas as coisas.
Nesta sexta-feira 25, a divulgação do relatório do Santander
a seus clientes de alta renda trouxe à luz do dia o que está
correndo solto nos bastidores das mesas de investimentos e
dos encontros entre grandes barões da indústria. Apesar de os
três governos sucessivos dos presidente de esquerda terem
preservado todos os princípios da economia de mercado,
acrescentando o dado do aumento do mercado consumidor
como um ponto que deveria ser atribuído a seu favor, seus
representantes continua a ser atacados. Das mais diferentes
maneiras. Desta vez, foi um relatório sem base técnica seguido
de pedido de desculpas. Aguarda-se para ver o nível da próxima
provocação.
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