Compareci ao debate comemorativo dos 40 anos do CIDI - Centrum informatie en documentatie Israel, na noite de 11 de novembro, no Teatro Real de Haia, aqui na Holanda, temeroso de ter que ouvir discursos de ódio e pregação da guerra. Confesso que me surpreendi positivamente com o que ouvi e com as poucas conversas que tive com importantes membros da comunidade judaica, do Parlamento e do governo holandeses. Falou-se muito em Paz, e o presidente do Comitê Judaico Americano, de Nova Iorque, David Harris, foi quem mais me impressionou.
Em longa palestra de quase 45 minutos, brilhante orador, ele começou relembrando a importância da Holanda na defesa de judeus perseguidos, desde a II Guerra Mundial, passando pela antiga União Soviética e chegando até a atualidade. Disse que servia em Moscou quando a URSS rompeu relações diplomáticas com Israel, e a Embaixada holandesa passou a representar os judeus, facilitando a emigração de milhares deles que vinham sendo perseguidos pelo regime comunista. Lembrou da Guerra do Golfo, quando mísseus SCUD começaram a ser lançados pelo Iraque contra Israel, e os três primeiros países a ajudarem na defesa do Estado judeu foram os EUA, Holanda e Alemanha, inclusive fornecendo anti-mísseis Patriot para interceptarem os disparos contra Israel.
Lembrando que o anti-semitismo continua existindo na Europa, Harris afirmou que a maior contribuição que a União Européia (da qual a Holanda foi fundadora) não foi a criação da moeda única, o Euro, ou a prosperidade dos 28 países-membros durante décadas, mas sim a manutenção da Paz. "Depois da segunda guerra, a preocupação maior era evitar que a Alemanha voltasse a agredir seus vizinhos, e isso foi conquistado graças à União Européia. Espero que um dia, Israel e seus vizinhos participem de um projeto semelhante, formando uma comunidade de Nações que cooperem entre si e afastem o medo da guerra que hoje está presente".
O evento serviu também para homenagear Ronny Naftaniel, que depois de 33 anos de esforços, deixa a direção-geral do CIDI. Ele começou com poucos amigos, em 1973, a trabalhar para que os judeus na Holanda recebessem informações por telefone do que acontecia no conflito, que durou seis meses. Começou a escrever e procurar parlamentares e autoridades do Governo holandês, em busca de solidariedade, e o grupo foi crescendo até tornar-se uma instituição respeitada por todo o povo holandês, sempre pregando uma "Paz duradoura" no Oriente Médio. Os membros do CIDI contribuem financeiramente para sua manutenção, formação de arquivos, denúncia de atos de anti-semitismo, divulgação do Estado de Israel e publicações diversas. O CIDI não recebe verbas governamentais de Israel ou Holanda, mas realiza projetos conjuntos com os governos locais e nacionais.
Em homenagem a Ronny (como todos o chamam), falaram o primeiro-ministro holandês Mark Rutte, o embaixador de Israel Haim Divon, o ex-ministro de Israel Ophir Pines-Paz, e o ex-primeiro-ministro da Holanda Jan Peter Balkenende, além do presidente do Comitê Judaico Americano, de Nova Iorque, David Harris
Foi uma noite de muitos debates, com um jantar no intervalo, e que esclareceu-me muitas questões sobre o terrível conflito entre palestinos e israelenses. Trago algumas fotos, todas de má qualidade pois estava com uma câmera muito simples, e a iluminação era ruim para um trabalho melhor. Valem pelo registro da reunião, sobre a qual trarei mais informações em outras postagens:
Abaixo, o primeiro-ministro da Holanda, Mark Rutte:
Mark Rutte recebe um "quipá" judaico, de Ronny Naftaniel e sua esposa:
O blogueiro brasileiro com Ronny Naftaniel, o homenageado da noite:
O presidente do Comitê Jucaico Americano (EUA), David Harris:
O ex-primeiro-ministro da Holanda, Jan Peter Balkenende, um dos políticos mais conhecidos da Holanda:
O presidente do CIDI, Onno Hoes, prefeito de Maastricht:
Pichação neonazista ameaça o prefeito de Maastricht, Onno Hoes: crime anti-semita!
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