O governador reeleito Chris Christie: sem discurso de ódio.
(texto: A. Barbosa Filho)
O governador republicano de New Jersey, nos Estados Unidos, Chris Christie, reelegeu-se no final de semana para mais um mandato, com mais de vinte pontos percentuais à frente de seu oponente do Partido Democrata. A maioria dos analistas políticos acredita que, com esta vitória, o governador torna-se o principal nome dos Republicanos para disputar a sucessão de Barack Obama em 2016.
Ele caracterizou-se em seu mandato por fazer tudo que o Tea Party (tendência de extrema-direita e fundamentalista religiosa no interior do Partido Republicano) condena: manteve bom diálogo com a oposição democrata, implementou programas sociais moderados para os mais carentes, e cooperou plenamente com o governo Obama quando da tragédia causada em seu Estado pelo furacão Sandy. Ou seja: fugiu do radicalismo que tem caracterizado seu partido nos últimos anos, sob pressão do Tea Party sobre congressistas e autoridades republicanas.Chris Christie declarou, após sua reeleição: "Isso é o que acontece quando trabalhamos todos juntos, quando afroamericanos e hispânicos, quando gente da cidade e do campo, quando granjeiros e professores trabalhamos juntos. Meu objetivo sempre foi acima de tudo conseguir fazer as coisas, e este continuará sendo meu objetivo no futuro". Com tal política, o governador obteve 57% dos votos das mulheres, 51% dos imigrantes hispanos, e 21% dos negros - setores que afastam-se cada vez mais do discurso de ódio do Partido Republicano e tendem a apoiar os democratas.
Já no Estado da Virgínia, o republicano Ken Cuccinelli, ligado ao Tea Party, foi derrotado, num Estado que os conservadores dominavam há décadas. Mas o Tea Party não reconhece que sua política de ódio contra imigrantes e contra os pobres em geral, seu reacionarismo religioso e sua pregação constante de guerra contra países como Irã, Cuba, China, Síria, entre outros, leva ao fracasso eleitoral. Eles acham que os democratas ganharam em Virgínia por pequena diferença e, portanto, acham que a derrota foi uma vitória...
NO BRASIL
A reeleição de Christie num Estado politicamente importante como New Jersey, deveria servir de lição à direita brasileira, cada vez mais radical e golpista. O discurso de ódio propagado diariamente pela direita-midiática, através de seus rotweillers e seus gurús, como o auto-qualificado "filósofo" Olavo de Carvalho, empolga um número reduzido de pessoas menos informadas, que tremem de medo do fantasma que esses comunicadores lhes mostram como um perigo: o comunismo que estaria dominando o Brasil, a América Latina e o mundo.
Sem noção de ridículo, e sem nenhum projeto voltado para o crescimento do Brasil com simultânea correção das terríveis injustiças sociais, os direitistas brasileiros acham que vencerão alguma disputa ideológica ou eleitoral pelo simples xingamento a "tudo que está aí". Quando seus argumentos falecem, e as manifestações justas das ruas repudiam sua infiltração terrorista, fazem chamamentos descabidos à uma intervenção militar, à volta da ditadura. Há uns poucos que caem nesta balela, especialmente entre jovens que não sabem que numa ditadura a primeira vítima é a sua liberdade. Esta falta de memória coletiva e de consciência política, é o terreno baldio onde a extrema-direita dos Olavos e Reinaldos Azevedos tentam construir sua barraca. Mas a realidade impõe-se até aos menos informados: quem percebe que sua vida está melhorando, com mais acesso a bens de consumo, menos desemprego, mais e melhores escolas (a qualidade ainda fica a dever muito), e mais auto-estima, jamais cairá na vigarice desses radicais de gabinete, bem pagos para semear o ódio e bajular o 1% dos verdadeiramente ricos no Brasil.
Como socialista, não vejo nada demais que o Brasil tenha um partido conservador ou liberal, composto por pessoas honestas que desejem um regime puramente capitalista (o nosso já o é, mas há quem queira mais), dentro das regras democráticas, amplas liberdades, respeito às minorias e um mercado que não se reduza a 30 ou 40% da população. Dá prá conviver e debater com pessoas assim, e a alternância no poder faz parte do jogo - farei tudo para que os trabalhistas continuem no governo por muitas décadas, para tirar o Brasil do atraso em que a direita sempre o manteve. O que não se pode tolerar é essa gentalha que só sabe falar em ódio, nojo, dos trabalhadores e do povo brasileiro, gente que no fundo tem vergonha de ser brasileira e preferiria ver a bandeira dos Estados Unidos no lugar da verde-amarela. A esses, temos que combater com toda a nossa força.
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