Quem é Mauro Ricardo, homem de Serra
tão citado no escândalo de SP
Postado em 08 nov 2013
Troque um José por outro.
Em vez de Serra, Dirceu.
Imagine agora: um homem de Dirceu – um daqueles que acompanham alguém por
toda parte, de Brasília a São Paulo – ignora uma denúncia de corrupção que pode
chegar a meio bilhão de reais.
São cinco Mensalões, para você ter uma ideia da magnitude da ladroeira.
Continuemos. O homem de Dirceu confirma que recebeu a denúncia. E afirma que
desistiu de levar adiante qualquer investigação depois que os acusados disseram
que não estavam roubando nada.
Diz que ficou surpreso ao saber que estavam sim roubando. Pausa para rir. Surpre-
sa mesmo seria se sujeitos acusados de roubar admitissem.
Enfim.
Você faz conta do que aconteceria o José fosse Dirceu: capas sobre capas da Ve-
ja pontificando sobre o mar de lama. Reportagens histéricas do Jornal Nacional re-
percutindo cada ‘descoberta’ nova da Veja. Editoriais do Estadão dando lições de
decência. Colunistas como Jabor, Merval e derivados disputando quem usa mais
vezes a palavra corrupção.
Mas como o José é Serra não acontece nada. O homem de Serra – Mauro Ricardo –
é apresentado como ‘secretário de Kassab’.
Até quando Serra vai escapar da obrigação de prestar contas em casos de corrup-
ção como o do Metrô e, agora, o das propinas na prefeitura de São Paulo para libe-
rar prédios?
Para saber quanto são ligados Serra e Ricardo pego uma reportagem de 2010
do Valor Econômico e reproduzo algumas palavras. O título era: “O implacável
Ricardo trabalhava então fazia 15 anos com Serra. E era “um nome certo para
compor um eventual ministério do candidato tucano à Presidência”.
Mauro Ricardo é um dos raros elos entre Serra e Aécio. Em janeiro de 2003, en-
tão governador de Minas, Aécio pediu a Serra alguém para a presidência da Co-
pasa, a estatal mineira de saneamento. Serra indicou Mauro Ricardo.
Mais recentemente, ele foi contratado para ser secretário das Finanças do prefei-
to de Salvador ACM Neto. O site Bahia Notícias, em março passado, publicou
uma reportagem que trazia documentos com problemas judiciais que Ricardo vem enfrentando.
O título: “Secretário ‘importado’ de SP por ACM Neto já foi condenado e responde
por supostos desvios”. Um dos casos listados pelo site se refere ao tempo em que
Ricardo, por indicação de Serra, comandava a Suframa, Superintendência da Zona
Franca de Manaus.
Disse o site Bahia Notícias:
“O Ministério Público Federal o responsabilizou pelo superfaturamento de uma obra
de melhoramento e pavimentação de um trecho de 34 km da BR-319, entre o Ama-
zonas e o Acre. Para a Procuradoria da República, a obra, que custou R$ 11,3 mi-
lhões aos cofres da União, era “superfaturada” e “desnecessária”, pois a conservação
da rodovia estava sob supervisão do Exército.”
Mais uma vez. Troque de José. Imagine se Mauro Ricardo fosse ligado a Dirceu, e
não a Serra.
As manchetes, as colunas, as denúncias.
Mas, em vez disso, um silêncio camarada, como se nada estivesse ocorrendo.
Palmas para a mídia brasileira, aspas, e seu cinicamente seletivo conceito de mora-
lidade.
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