quinta-feira, 14 de novembro de 2013

MEU DESABAFO SOBRE A VOLTA DAS PRISÕES POLÍTICAS

Os abusos do político fantasiado de juiz Joaquim Barbosa me provocam uma revolta imensa. Lutamos durante décadas pela redemocratização do país, correndo riscos sérios, para cairmos numa ditadura da cúpula do Poder Judiciário!
Não se trata de pedir que o crime de "caixa-2" em campanha eleitoral seja imputável - o PT o cometeu, como todos os demais partidos brasileiros o cometem há décadas, desde que me conheço por gente. Fui presidente e secretário municipal do MDB, do PMDB e do PSB, em Taubaté, e dirigente estadual dos dois partidos (MDB e PMDB eram basicamente o mesmo partido). Nunca soube de onde vinha o dinheiro para as campanhas dos candidatos a deputados, senadores, prefeitos e governadores. Em cada município, o partido tinha uma conta aberta automaticamente no Banco do Brasil, mas nunca nos chegou um centavo. As direções estaduais sempre alegavam que a verba tinha que ser concentrada na capital, pois as despesas eram enormes, etc. E eu nunca me aprofundei no assunto, o que pode ter sido uma omissão.
O fato é que os candidatos obtinham recursos de empresários, os candidatos a deputado federal produziam material para os candidatos a estadual, em "dobradinha", e as campanhas eram sempre bem feitas, com alguma escassez, mas capazes de atingir o eleitorado. Não havia tantos partidos de aluguel como hoje, e o tempo de TV e rádio ajudava muito, com custos relativamente pequenos.
Empresas sempre doaram dinheiro ou material aos candidatos. Não existe o financiamento público, que os políticos defendem em teoria, mas votam contra sua transformação em lei. Em suma: é uma bagunça, onde os mais ricos e os mais corruptos levam vantagem, ficando de rabo-preso com os doadores, cujos nomes jamais aparecem.
O caso de Juninho Ortiz em Taubaté é exemplar, pois segundo as denúncias do Ministério Público, acatadas pela Justiça Eleitoral, dinheiro de propinas na FDE foi usado na milionária campanha a prefeito de 2012, com emissão de falsos recibos de doações que jamais existiram. Por este "abuso de poder econômico e político" o prefeito está cassado, ainda recorrendo a instâncias superiores.
O "MENSALÃO"
Não existiu a chamada compra de deputados para votarem a favor de projetos do Governo Lula. Se tivesse existido, o Governo teria comprado adversários, jamais os seus mais fiéis aliados.
É inconcebível que um José Genoíno, fundador e presidente do PT, tivesse que receber 50 mil reais para votar em projetos do seu próprio Governo! Se votasse contra, seria linchado no aeroporto, quando voltasse de Brasília, pelos seus próprios companheiros de Partido!
 Pouco conheço José Genoíno, mas amigos comuns atestam que é um cara pobre, que vive do seu salário como deputado, e tem apenas uma casa onde mora há 31 ou 32 anos. Seus vizinhos o conhecem do mesmo jeito desde que entrou na política.
José Dirceu, a quem conheço um pouco melhor, trabalha como louco, prestando consultoria como advogado que é. Quando saiu do Governo, e depois foi cassado pela Câmara sob intensa pressão da mídia porca, passou um tempo sem trabalhar, justamente para evitar o falatório de que poderia estar usando tráfico de influência e informações privilegiadas. É um homem sofrido, com uma vida atribulada desde que foi presidente da UNE, exilado, perseguido pela morte quando voltou ao Brasil antes da anistia para viver clandestinamente, com identidade falsa. Tem ex-mulher e filhos que o admiram até hoje. Não é um bandido, e se hoje tem dinheiro é porque é um profissional batalhador e competente, embora existam advogados muito mais ricos em São Paulo e no Brasil.
Mas nada disso foi levado em conta. Criou-se uma febre de ódio aos dois e aos demais "réus", que os colocou como inimigos públicos. Nunca se viu tamanho achincalhe à honra e ao direito de defesa de nenhum criminoso neste país, nem mesmo a homicidas e tarados. Foram oito anos de campanha diuturna pela mídia chamando-os de bandidos, ladrões, "mensaleiros". Luiz Gushiken, o líder bancário de São Paulo, teve sua doença agravada cruelmente por esta mídia, até ser inocentado e excluído do julgamento pelo próprio Ministério Público e o STF. Mas morreu, e isso deixou feliz aquele animal chamado Reinaldo Azevedo, que eu só chamo de "Rei do Esgoto".
Nada disso comove os tucanos, alguns deles inteligentes, mas obcecados pelo ódio a Lula, ao PT e a tudo que cheire popular, trabalhista, quem dirá Socialista. Querem sangue, e pouco importam os fatos, as provas, os documentos, a história pessoal de cada um.
MÍDIA
Houve um casamento perfeito entre várias forças neste caso. A mídia que enriqueceu na ditadura, e que sempre foi golpista contra todos os governos populares da História do Brasil. O Estadão combateu Getúlio Vargas quando ele foi eleito e tornou-se o "Pai dos Pobres". Depois, o jornal dos Mesquita (hoje à beira da falência e à venda, sem interessados) apoiou o golpe civil-militar de 1964, recebendo inclusive dinheiro e armas da CIA. Quando começou a ser censurado previamente, posou de oposição, porque a ditadura cassou o seu eterno candidato a presidente Carlos Lacerda.
A Folha de S. Paulo também apoiou a ditadura de forma escandalosa, chegando a empresar suas viaturas para o transporte clandestino de presos políticos para a tortura e a morte.
A Globo surgiu da compra ilegal, mediante documentos falsificados, de emissora paulista, e a partir daí, com dinheiro de uma rede norte-americana (o que era proibido por lei), tornou-se um império de manipulação dos brasileiros. Foi a voz da ditadura, que instalou antenas por todo o país para levar a mentira até os últimos rincões da Pátria.
Não vou estender-me sobre o papel da velha mídia, a mais concentrada do planeta, a mais canalha, porque há artigos, postagens e livros inteiros para quem quiser conhecer melhor esta história suja.
REVOLTA
Temos que protestar contra a volta das prisões políticas no Brasil. A farsa montada pela velha mídia (o PIG - Partido da Imprensa Golpista), dominando os já reacionários ministros do Supremo Tribunal Federal, pode ter sido uma derrota para a Cidadania, para as leis e os Direitos Humanos. Mas a guerra não terminará, se nós continuarmos a lutar.
O primeiro passo é não ficarmos no desabafo desses dias. Esta terá que ser uma luta muito longa, diária, cada um pelos seus meios. Temos que conversar na padaria, nos botecos, na escola, no lugar de trabalho, mostrando como sofremos um golpe institucional gravíssimo, e implantou-se uma ditadura judicial da qual cada um de nós pode ser vítima. Não importa se você é inocente, basta que se revolte contra a corrupção de tucanos e de juízes, e poderá ser preso, sem provas, sem direito a mandatos de segurança (que serão sempre negados aos pobres, pretos, petistas). Isso não é Estado de Direito: chama-se ditadura, com todas as letras.
O sr. Joaquim Barbosa é um despreparado para ocupar qualquer função de poder. Sua vaidade, autoritarismo e pretensões políticas confessadas o fazem indigno de usar a toga de Juiz, que exige respeito de quem está fora dela mas, principalmente, de quem a veste. Ele não respeita seu cargo. É um irresponsável, escravo da vaidade, que dorme e acorda pensando na capa que a veja lhe dará e nos minutos que terá no Jornal Nacional. Um imbecil.
Como já existem presos políticos neste país que estava caminhando para a plena Democracia, eu me considero preso. Junto com Zé Dirceu, Genoíno e os demais, sou e serei um perseguido político pela ditadura de toga. Meu pai, que era policial militar, me dizia quando eu era criança que "cadeia não é lugar para cachorro". Só ser humano vai para a cadeia. E eu sou um Ser Humano, indignado por ver o país que sonho civilizado, culto, desenvolvido, ser agredido por gente como o sr. Joaquim Barbosa. Meu lugar, portanto, é na cadeia.

Um comentário:

  1. Caro Antonio Barbosa Filho, endosso todas as palavras publicas em seu blog. Permita-me copiá-las para minha coleçao e publicá-las em seu nome sempre nos momentos oportunos onde a Midia Golpista procura todos os meios de uso da desinformação como forma de manipulação da população incauta e ignorante. Parabéns pelo texto... É muito sério o que está acontecendo em nosso país em pleno Estado de Direito Democrático. Não podemos nos calar. Não podemos deixar e aceitar as coisas naturalmente como se isso fosse mais uma situação normal. Vê-se claramente uma satisfação inconteste da Mídia Golpista e seus correlegionários na busca de desconstruir uma nação por interesses privativos e pessoais.

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