247 - A conduta do procurador Rodrigo de Grandis no caso Alstom,
relacionado a propinas pagas pela multinacional francesa a perso-
nagens do PSDB em São Paulo, parece ser, a cada dia, menos de-
fensável.
Há uma semana, quando se soube que a Suíça decidiu arquivar in-
vestigações contra lobistas envolvidos no caso, como o notório José
Amaro Pinto Ramos, a assessoria de Rodrigo de Grandis alegou "falha administrativa", afirmando ainda que um pedido de cooperação feito
por promotores suíços teria sido arquivado numa pasta errada.
Agora, uma nova revelação aponta que o caso é ainda mais grave. O
Ministério da Justiça, chefiado por José Eduardo Cardozo, cobrou, em
pelo menos três ofícios, que De Grandis respondesse a um pedido de investigação feito pelo Ministério Público da Suíça (leia, aqui, repor-
tagem da Folha a respeito).
A cooperação vinha sendo pedida desde 2011, mas foi engavetada por
De Grandis. Diante da suspeita de prevaricação, o procurador será
investigado pelo Conseho Nacional do Ministério Público, podendo ser
expulso da carreira e até preso.
Sob pressão, De Grandis tem evitado prestar declarações à imprensa.
A Procuradoria da República apenas informa que ele está à disposição
das autoridades para prestar esclarecimentos.
Leia, ainda, artigo de Josias de Souza sobre o caso:
Caso Alstom: versão de procurador desmorona
Josias de Souza
Responsável pela condução do Caso Alstom, o procurador da
República Rodrigo de Grandis tornou-se uma reputação pendente de explicações. Está mal contado o enredo do pedido de investigação
enviado pelo Ministério Público da Suíça para o Brasil em fevereiro
de 2011, e ignorado por dois anos e oito meses por Grandis.
Em notícia veiculada nesta sexta-feira, os repórteres Flávio Ferreira,
Mario Cesar Carvalho e José Ernesto Credencio informam que o
Ministério da Justiça cobrou do procurador Grandis —uma, duas, três
vezes— resposta ao pedido vindo dos suíços, que incluía a inquirição
de quatro suspeitos de repassar propinas da Alstom a servidores e
políticos do PSDB e uma batida de busca e apreensão na casa de
um ex-dirigente de estatal.
As cobranças foram feitas por escrito, por meio de ofícios do DRCI (Departamento de Recuperação de Ativos e Cooperação Jurídica
Internacional). Os papeis estão aí, pedindo para ser apalpados e
conferidos. A despeito disso, Grandis saíra-se com uma explicação
esquisita.
Pilhado no descumprimento do pedido, o procurador Grandis alegou
que houve uma “falha administrativa”. A requisição de diligências
da Suíça teria sido arquivada numa pasta errada. E lá permaneceu
por quase três anos sem que ninguém percebesse. Espanto!,
assombro!, estupefação!
Não bastassem as cobranças por escrito do DRCI, Grandis foi
questionado por promotores de Justiça que também atuam no Caso
Alstom. A lorota de que o pedido foi desatendido porque os papéis
mofavam numa pasta errada há quase três anos não fica mais em
pé.
Ou Grandis arruma outra desculpa que fique em pé ou vai virar um
personagem pequeno. Com os repórteres, ele não quis falar. Mas há
duas investigações abertas. Uma na Corregedoria do Conselho
Nacional do Ministério Público. Outra na Procuradoria da República.
O doutor terá de se explicar.
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