Marina pede novos protestos de rua em 2014
Ex-senadora Marina Silva, que tentou criar um partido, a Rede, cujos líderes
estiveram diretamente envolvidos na organização de manifestações e até em
depredações de patrimônio público, como no caso do Itamaraty, exalta os
protestos de junho e pede mais em 2014; "voto nessa bela multidão que foi às
ruas como personalidade do ano de 2013 e desejo-lhe mais força e criativida-
de para renovar a democracia no Brasil em 2014", diz ela
27 de Dezembro de 2013 às 07:02
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consultas para escolher --e, às vezes, premiar-- as personalidades que se destacaram
e influenciaram o rumo dos acontecimentos no país. Exponho aqui o meu voto e o
justifico.
Em 2013, o Brasil se encontrou nas ruas. Este não é apenas o fato mais significativo
do ano, mas se estende ao futuro e influencia todas as expectativas para o próximo
ano.
Na verdade, as jornadas de junho permanecem como uma presença extra, incômoda
para muitos como um fantasma na sala, gerando uma sensação de que os bastidores
foram devassados, de que não há mais possibilidade de "votos secretos", de que o
reino inteiro está nu.
Por mais que os operadores do sistema político tentem restaurar a opacidade na vida
institucional, não conseguem escapar aos olhos de um novo sujeito político que, de
fora, abre as janelas. Ainda não chegaram a um termo na insistente tentativa de com-
trolar a internet, mas já criaram grandes dificuldades para o surgimento de novos par-
tidos e novas formas de representação política. Não adianta erguer novos muros, to-
dos serão ultrapassados ou derrubados.
Esse novo sujeito, coletivo e difuso, que não obedece a um comando único e age a
partir de vários centros, ganhou diversos nomes: ruas, multidão, manifestantes são al-
guns dos mais frequentes.
Antes de entrar em cena, era o último a saber das coisas, a massa de manobra, a maio-
ria silenciosa, enfim, os que não viam, não ouviam e não falavam. Agora tudo mudou.
Esse novo protagonista torna à vida pública de fato pública e exige que vigore efetiva-
mente uma nova República.
Novos tempos e espaços surgem e neles navegam milhares, talvez milhões de militan-
tes de uma política diferente, despreocupados em aparelhar esses espaços ou espichar
seus tempos, ou seja, sem a ansiedade tóxica das disputas por hegemonia e poder.
Essa nova militância, que chamo de ativismo autoral, pois não se submete a direções
partidárias ou sindicais, ONGs ou lideranças carismáticas, produz uma nova agenda
em que as prioridades não são manipuladas. Assim, no país do futebol, tornou-se pos-
sível fazer da Copa das Confederações uma ocasião para reivindicar mais saúde e edu-
cação.
Por essa emergência que surpreendeu aos desatentos e, principalmente, por essa per-
manência que se anuncia para o futuro, pela ruptura com os velhos falsos consensos
estabelecidos, pelo reencontro de uma utopia de justiça que parecia esquecida, voto
nessa bela multidão que foi às ruas como personalidade do ano de 2013 e desejo-lhe
mais força e criatividade para renovar a democracia no Brasil em 2014.
http://www.brasil247.com/pt/247/poder/125163/Marina-pede-novos-protestos-
de-rua-em-2014.htm
247 - A ex-senadora Marina Silva quer multidões nas ruas em 2014. Em artigo
publicado nesta sexta-feira na Folha de S. Paulo, ela elege o manifestante como
"a personalidade do ano" de 2013 e pede mais protestos no ano que vem, que
será marcado pela Copa do Mundo e pelas eleições.
"Essa nova militância, que chamo de ativismo autoral, pois não se submete a
direções partidárias ou sindicais, ONGs ou lideranças carismáticas, produz uma
nova agenda em que as prioridades não são manipuladas. Assim, no país do fute-
bol, tornou-se possível fazer da Copa das Confederações uma ocasião para rei-
vindicar mais saúde e educação", diz ela.
"Por essa emergência que surpreendeu aos desatentos e, principalmente, por essa
permanência que se anuncia para o futuro, pela ruptura com os velhos falsos com-
sensos estabelecidos, pelo reencontro de uma utopia de justiça que parecia esque-
cida, voto nessa bela multidão que foi às ruas como personalidade do ano de 2013
e desejo-lhe mais força e criatividade para renovar a democracia no Brasil em
2014", conclui.
Leia abaixo:
Personalidade do ano
É comum, ao final de cada ano, que os veículos de comunicação façam enquetes e consultas para escolher --e, às vezes, premiar-- as personalidades que se destacaram
e influenciaram o rumo dos acontecimentos no país. Exponho aqui o meu voto e o
justifico.
Em 2013, o Brasil se encontrou nas ruas. Este não é apenas o fato mais significativo
do ano, mas se estende ao futuro e influencia todas as expectativas para o próximo
ano.
Na verdade, as jornadas de junho permanecem como uma presença extra, incômoda
para muitos como um fantasma na sala, gerando uma sensação de que os bastidores
foram devassados, de que não há mais possibilidade de "votos secretos", de que o
reino inteiro está nu.
Por mais que os operadores do sistema político tentem restaurar a opacidade na vida
institucional, não conseguem escapar aos olhos de um novo sujeito político que, de
fora, abre as janelas. Ainda não chegaram a um termo na insistente tentativa de com-
trolar a internet, mas já criaram grandes dificuldades para o surgimento de novos par-
tidos e novas formas de representação política. Não adianta erguer novos muros, to-
dos serão ultrapassados ou derrubados.
Esse novo sujeito, coletivo e difuso, que não obedece a um comando único e age a
partir de vários centros, ganhou diversos nomes: ruas, multidão, manifestantes são al-
guns dos mais frequentes.
Antes de entrar em cena, era o último a saber das coisas, a massa de manobra, a maio-
ria silenciosa, enfim, os que não viam, não ouviam e não falavam. Agora tudo mudou.
Esse novo protagonista torna à vida pública de fato pública e exige que vigore efetiva-
mente uma nova República.
Novos tempos e espaços surgem e neles navegam milhares, talvez milhões de militan-
tes de uma política diferente, despreocupados em aparelhar esses espaços ou espichar
seus tempos, ou seja, sem a ansiedade tóxica das disputas por hegemonia e poder.
Essa nova militância, que chamo de ativismo autoral, pois não se submete a direções
partidárias ou sindicais, ONGs ou lideranças carismáticas, produz uma nova agenda
em que as prioridades não são manipuladas. Assim, no país do futebol, tornou-se pos-
sível fazer da Copa das Confederações uma ocasião para reivindicar mais saúde e edu-
cação.
Por essa emergência que surpreendeu aos desatentos e, principalmente, por essa per-
manência que se anuncia para o futuro, pela ruptura com os velhos falsos consensos
estabelecidos, pelo reencontro de uma utopia de justiça que parecia esquecida, voto
nessa bela multidão que foi às ruas como personalidade do ano de 2013 e desejo-lhe
mais força e criatividade para renovar a democracia no Brasil em 2014.
http://www.brasil247.com/pt/247/poder/125163/Marina-pede-novos-protestos-
de-rua-em-2014.htm