sábado, 14 de dezembro de 2013

PSDB NÃO DEFENDE SEUS ACUSADOS DE CORRUPÇÃO. NÃO TEM COMO.


Homens ao mar no PSDB


por Antonio Lassance na Carta Maior
O PSDB encara 2014 com o otimismo de um Titanic frente a um iceberg. Seus dirigentes 
continuam dando declarações de que não irão afundar de maneira alguma. Mas a verdade 
é que sentem o frio percorrer a espinha. As más notícias das pesquisas de opinião sobre 
as eleições presidenciais são o de menos. Aquilo que realmente os apavora é o ataque 
sofrido ao que têm de mais caro, Minas Gerais e São Paulo, sua república particular do 
café com leite.
Em 2014, terão pela frente, de um lado, o julgamento do seu próprio mensalão, o original 
e que deu origem à série, no Supremo Tribunal Federal – STF. De outro, sofrerão as in-
vestigações da Polícia Federal sobre o trensalão paulista – denúncia de cartel, superfa-
turamento de obras públicas e pagamento de propina a dirigentes em altos postos de 
comando no governo paulista. Perto do propinoduto dos paulistas, o mensalão mineiro 
é brincadeira de criança.
Sabedores de que têm sérias avarias no casco, já existe um plano B. É simples, curto 
e grosso. Se houver pressão da opinião pública que aprofunde ainda mais a desmoraliza-
ção que já vêm sofrendo, e se não conseguirem suficiente blindagem midiática e do Mi-
nistério Público, terão que sacrificar alguns de seus membros para serem devorados.
Vão, portanto, desovar em alto mar a carga que considerarem podre. Pretendem se livrar 
do peso morto e, ao invés de lançar botes e coletes salva-vidas, o plano dos comandan-
tes é usar megafones para alertar os tubarões, dizendo: “olhem eles ali! Encham o estô-
mago e nos deixem em paz”. Quanto mais forem fustigados, mais carne estarão dispos-
tos a sacrificar.
Eduardo Azeredo e José Aníbal são sérios candidatos a serem expulsos. Ambos são 
considerados figuras isoladas e difíceis de se defender. São os primeiros da fila para an-
dar na tábua. A coisa se complica quando se fala em Aloysio Nunes, que é muito ligado 
a José Serra e a Fernando Henrique. Mas há informações de que a Polícia Federal tem 
documentos suficientes para colocá-lo em péssimos lençóis.
A alta cúpula do tucanato sabe que houve corrupção em larga escala. O que não conta-
va é que isso se tornasse tão evidente. Já se avalia que algumas provas do escândalo 
são incontestáveis e que haverá delatores suficientes para enrascar algumas de suas 
maiores lideranças até o pescoço, com crueza de detalhes.
Na fissura do salve-se quem puder, o PSDB quer evitar a estratégia adotada pelo PT. O 
PT assumiu que houve irregularidades, mas rechaçou peremptoriamente a prática de cri-
mes. Se solidarizou com os acusados e atacou quem os condenou. Os tucanos que es-
tão com os nomes jogados na lama serão abandonados – lama é apenas uma maneira 
de dizer, trata-se de algo bem pior.
O partido que ajudou a envenenar o poço agora vê que não pode reclamar de beber da 
água. A tentativa de se distinguir dos petistas será vendida como um ato de desprendi-
mento em relação aos seus malfeitores. A questão, no entanto, não tem qualquer fidal-
guia.
A acusação mais grave que os petistas sofreram no STF foi a de atentar contra o Es-
tado democrático e o funcionamento das instituições. Segundo o delator, Roberto Jeffer-
son, o dinheiro amealhado teria sido distribuído a parlamentares de partidos para a com-
pra de votos no Congresso – por isso o apelido de mensalão. E os tucanos? O que pode-
rão dizer de um escândalo envolvendo a construção de um metrô que teve, como destino 
final, dinheiro guardado em contas bancárias na Suíça? Não é política. Tem cara, cheiro 
e cor de enriquecimento. Não é poder, é dinheiro. Não é mensalão. É propina.
Os petistas estão indignados e querem seus dirigentes de volta. A condenação de José 
Dirceu, Genoíno e Delúbio uniu até quem passou a vida fazendo oposição a eles dentro 
do PT. Os tucanos estão divididos e querem defenestrar aqueles que foram pegos com 
a mão na massa, pelo menos seus operadores, porque já sabem que deles não podem 
esperar qualquer reciprocidade partidária.
O PT trata seus três mosqueteiros como heróis – o quarto, João Paulo Cunha, está a 
caminho. O PSDB está fazendo sua lista de párias para publicá-la a qualquer momento.
Realmente, são duas coisas completamente diferentes. Enquanto o PT cospe fogo, o 
PSDB se prepara para engolir espadas.
http://www.rodrigovianna.com.br/outras-palavras/homens-ao-mar-no-psdb.html

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