Casa onde falta o pão…O duelo entre Leitão
e o “Tio Rei”
3 de novembro de 2013 | 23:40
A confusão e a falta de perspectivas do conservadorismo brasileiro estão criando situações
que lembram o velho ditado de que em casa onde falta o pão, todo mundo briga e nin-
guém tem razão.
Um fato absolutamente lateral – embora deprimente – como a instalação de Reinaldo
Azevedo no panteão de colunistas da Folha, ganhou uma importância que, absoluta-
mente, não tem.
Mas os que acharam que podiam se podiam conservar com um rótulo de “progres-
sista” ou até “social-democratas” dentro da grande mídia se sentiram de tal forma inco-
modados que passaram recibo da companhia incômoda daquele ícone do obscurantismo.
Semana passada, a ombudswoman da Folha, Suzana Singer, chamou-o de “rottweiler”.
Hoje, Miriam Leitão, em sua coluna, o chama de “indigente mental”.
É louvável que ainda se incomodem de estarem “dividindo o barco” com Azevedo.
Mas isso não elide o fato de que estão no mesmo barco.
Miriam, por exemplo, tem se dedicado à previsão diária da catástrofe, aquilo a que Lula
chamou de “atração pela desgraça”.
Os blogs de esquerda deram-lhe o apelido de “urubóloga”, por isso. Uma critica política,
revestida de uma acre ironia, é certo.
Mas nunca se a chamou de “a que ronca e fuça” como faz Azevedo hoje, em seu blog.
No entanto, o epíteto de “blogueiros sujos” foi dado a nós, não a ele.
O que falta a Miriam e a Singer é a coragem básica de fazer o que nós fazemos: ques-
tionar os impérios empresariais, como a Veja, que legitimam e dão repercussão, há anos,
a tal tipo de gente.
Quem cria e solta os cachorros, cuida que eles defendam algo que lhe é patrimonialmente
caro.
Ele compreende muito melhor que suas adversárias de que há um embate no Brasil,
onde o “vale-tudo” é não apenas permitido como praticado diariamente.
Ele apenas o faz de modo explícito e grosseiro. Tanto que promete, para logo, algo mais elaborado, talvez na linha de seu mestre José Serra: “Que bobagem, Miriam”
O essencial, porém, quando se escreve, não é o estilo, a forma.
A forma de Azevedo é abjeta.
Muito mais abjeto, porém, é conteúdo e o propósito.
E este, lamentavelmente, prende as críticas de Reinaldo no mesmo barco de suas
críticas.
Seria melhor se assim não fosse, mas o Brasil tem dois lados.
E cada um tem de suportar , no seu lado, os companheiros de viagem..
Por: Fernando Brito
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