domingo, 27 de outubro de 2013

ALEMANHA VIROU DITADURA, E DIREITA BRASILEIRA SE CALA!

Terceiro mandato de Merkel é ditadura?


por Alexandre Haubrich no Jornalismo B
A análise comparativa, 
associada à memória, 
desmascara a falsa 
imparcialidade do setor 
midiático dominante. A 
eleição da chanceler
 alemã Angela Merkel 
para o terceiro mandato 
consecutivo, no último 
domingo, leva diretamente 
à lembrança de outros 
chefes de governo que alcançaram ou flertaram com uma segunda reeleição seguida. A formulação 
do discurso desse setor da mídia foi absolutamente distinto em um e em outro caso, ainda que 
sejam situações de grande semelhança real. Essa comparação demonstra, assim, o afastamento 
que a mídia hegemônica mantém com a realidade objetiva, distorcendo as narrativas de acordo com 
interesses bastante específicos.
Mesmo sem nunca ser dito – ao menos abertamente – por ele, o ex-presidente brasileiro Luiz Inácio 
Lula da Silva foi colocado pelos conglomerados midiáticos como postulante a um terceiro mandato 
logo na sequência dos dois que exerceu. A ideia acabou não se consumando, Dilma Rousseff foi a 
candidata da situação e a eleita, mas a lição ficou clara: os donos da mídia não aceitariam que um 
presidente petista, naquele momento, se lançasse a uma nova reeleição. A possibilidade, jamais 
levantada publicamente por Lula mas mesmo assim tocada pelos meios de comunicação, foi sempre 
fortemente atacada. Lula foi chamado de candidato a ditador, se disse que ele pretendia “perpetuar-
se no poder”, que a democracia brasileira estava “em risco”, que poderia ser um “novo Hugo Chávez”.
Com o ex-presidente venezuelano, aliás, não foi diferente. Chávez sempre foi tachado – em vida e já 
morto – de “ditador” por uma parte importante da imprensa brasileira. Uma das razões alegadas para 
classifica-lo assim era – e é – a “perpetuação no poder”, a “vontade de seguir no poder até morrer”, 
enfim, os mandatos consecutivos (foram três os mandatos que Chávez acabou exercendo).
Com Merkel, tudo diferente. O tom geral é de exaltação de sua popularidade, o destaque sobre como 
os alemães veem nela uma “mãe”, a importância de sua liderança. Nada sobre um possível caráter 
“ditatorial” ou “antidemocrático” em sua terceira eleição consecutiva. Talvez por ser ela uma 
representante típica da direita, por estar levando à frente políticas de arrocho que esmagam os países 
e os povos vizinhos, sendo inclusive constantemente comparada com Hitler. Ou a amistosidade pode 
ser ainda por Merkel ser eleita em um país central do capitalismo, típica nação na qual a ideologia 
dominante em um país periférico como Brasil manda observar e admirar, enquanto a Venezuela, a 
América Latina em geral – incluindo o próprio Brasil – são lugares dos quais se deve como norma 
falar mal, os quais devem ser sempre apresentados como “repúblicas das bananas”, dominadas por 
“ditadores populistas e corruptos”, muito ao contrário da grande e democrática Alemanha, dos Estados 
Unidos, etc.
O fundo das críticas, como se vê, não se direciona à forma – dois, três ou dez mandatos – mas ao 
conteúdo. Governantes progressistas não têm sua legitimidade respeitada nem em seus primeiros 
mandatos. Quando os eleitos agradam ao ideário dos conglomerados de comunicação, são exaltados 
e brindados, durem quanto durarem. O mesmo se dá em relação a qualquer setor social e a qualquer 
fato levado à cobertura jornalística. A superficialidade formal pouco importa aos donos da mídia e ao 
imaginário das organizações que comandam, desde que o conteúdo os faça mais poderosos 
econômica, ideológica e politicamente

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