247 - Um mês atrás, quando a presidente Dilma Rousseff decidiu
cancelar um encontro de cúpula que teria com o presidente Barack
Obama, nos Estados Unidos, ela chegou a ser criticada por tomar
uma posição, segundo alguns observadores, dura demais. Em seu
discurso nas Nações Unidas, ela chegou a defender a criação de
uma novo sistema de controle sobre as comunicações globais, para
colocar um freio na bisbilhotagem americana. Depois disso, anunciou
a criação de um sistema de comunicações criptografado, que será
usado pelo governo federal.
As novas informações que chegam sobre o escândalo da agência
NSA, denunciado por Edward Snowden e pelo jornalista Glenn
Greenwald, revelam que o caso é pior do que se pensava.
Embaixadas também foram monitoradas. A revelação foi publicada
no Le Monde desta terça-feira, que denunciou o monitoramento
das representações francesas em Washington e Nova York. Abaixo,
relato da Agência Lusa:
Da Agência Lusa
Paris – O serviço secreto dos Estados Unidos não só interceptou
milhões de dados e registros telefônicos de cidadãos franceses como
também espionou as representações diplomáticas da França em
Washington e Nova York, noticiou hoje (22) o jornal Le Monde.
O diário francês citou documentos da Agência Nacional de
Segurança (NSA) norte-americana, revelados pelo ex-consultor
Edward Snowden, que detalham os métodos e os dispositivos
eletrônicos usados para vigiar as embaixadas.
Um dos documentos, do dia 10 de setembro de 2010 e classificado
como secreto pela NSA, revela a existência de um programa
denominado Genie, relativo à instalação de escutas em computadores.
A nota, dirigida aos operadores da NSA, menciona a vigilância à
embaixada da França em Washington, identificada com o código
Wabash, e à representação francesa nas Nações Unidas (ONU), em
Nova Iorque, com o código Blackfoot.
O documento explicita diferentes técnicas de coleta de informação:
Highlands, para piratear computadores à distância, ou Vagrant, para
captar o conteúdo dos monitores.
Outro documento, de agosto de 2010, emitido pela direção de
informação eletrônica da NSA, se refere a informações obtidas em
embaixadas estrangeiras – em particular da França, que teve um
papel importante na votação do dia 9 de junho daquele ano, no
Conselho de Segurança da ONU, sobre uma resolução contendo novo
pacote de sanções ao Irã, por desenvolver programa nuclear.
Segundo a análise da agência, a operação foi “um êxito silencioso que
ajudou a desenhar a política externa dos Estados Unidos”. O documento
cita a então embaixadora dos Estados Unidos na ONU, Susan Rice,
sobre o trabalho da NSA: “Isso me ajudou a conhecer (…) a verdade,
a revelar as posições sobre as sanções e nos permitiu conservar uma
vantagem nas negociações”.
O Le Monde noticiou ontem (21), também com base em documentos
da NSA, a espionagem maciça das comunicações telefônicas na França
que, em apenas 30 dias, entre o final de 2012 e o começo de 2013,
levou à interceptação de 70,3 milhões de comunicações.
entre países aliados.
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