O jornalismo investigativo tirou férias durante o caso Siemens-PSDB?
As declarações do presidente em exercício da Siemens dadas ontem sobre a inexistência de pagamento de propinas a políticos em São Paulo precisam ser comprovadas nas investigações da polícia, no processo do CADE (Conselho de Administração e Defesa Econômica) e na Justiça.
Em depoimento à CPI dos Transportes Coletivos na Câmara de São Paulo, Paulo Stark chegou a dizer que a empresa não é ré confessa por ter denunciado o esquema de cartel do qual admite ter participado.
Ele acrescentou que as investigações internas da Siemens não identificam pagamento de propina a autores e políticos ligados ao PSDB – justamente o oposto do que apontam as investigações divulgadas até agora, que apontam nomes e valores dentro do que vem sendo chamado de propinoduto tucano.
Tudo indica que a delação premiada concedida à Siemens – eu nunca vi delação premiada sem a confissão do réu, como diz o presidente da empresa – foi urdida para proteger os governos e políticos tucanos.
E toda a mídia – com as exceções de sempre – se comporta conforme esse script. Vamos ver como atuam a Polícia Federal, o CADE e a Justiça, já que o jornalismo investigativo – ativo como nunca nos últimos anos no país – parece que tirou férias ou caiu doente de uma enfermidade comum na nossa mídia: a proteção aos amigos e financiadores.
Depoimento
O presidente da Siemens depôs como testemunha por mais de quatro horas. Não respondeu a diversas perguntas alegando não ter conhecimento de contratos antigos, já que assumiu a companhia em 2011.
“A Siemens não é ré confessa. A Siemens apurou indícios de possível formação de cartel que deverão ser apurados pelas autoridades competentes. Uma vez que elas apurarem vai haver a caracterização se houve ou não ilícito real. Até lá qualquer coisa é especulação”, afirmou Stark.
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