247 - Em sua coluna deste domingo, a jornalista Eliane Cantanhêde,
da Folha, aponta uma presidente cuja popularidade se esfarela e que,
segundo ela, terá enormes dificuldades para se reeleger. Leia abaixo:
FOLHA DE SP - 30/06
BRASÍLIA - O Datafolha confirma para o leitor/eleitor o que oposições,
Planalto e Lula já sabiam: a popularidade de Dilma esfarela e a
reeleição vai para o beleléu. Uma queda de 27 pontos pode ser mortal.
Não foi por falta de aviso. Dilma entrou mal em 2013, autoconfiante
com os recordes nas pesquisas, surda para o baixo crescimento com
inflação alta, muda para os políticos e estridente com os auxiliares.
A popularidade já tinha despencado oito pontos antes mesmo das manifestações, pela falta de comando político e de rumo na economia.
A explosão social fechou o cerco.
E não houve má vontade da mídia, tão demonizada no poder. Telejornais
e jornais resistiram a admitir que a crise batia à porta da presidente,
mesmo com o Planalto cercado na quinta-feira aguda. Não foi só o
Exército que protegeu Dilma...
Mas o presidencialismo brasileiro é muito concentrador, e os louros e as
culpas de tudo e qualquer coisa são sempre do (da) presidente. Dilma
ainda pode se recuperar em parte, mas a abstrata reforma política não sensibiliza as massas e ela nunca mais será a mesma.
A perda de mais da metade da popularidade (8 mais 27) deixa o PT em
pânico, desequilibra as peças no PMDB e mexe com os cálculos de toda
ordem na complexa base aliada.
Do outro lado, reacende a candidatura Eduardo Campos, dá gás a Marina
Silva e cria a sensação de "agora vai" na campanha de Aécio Neves, em
que as atenções estão no PMDB, que tem faro para o poder.
Dilma ofendeu o vice Temer com a "barbeiragem" da constituinte
exclusiva, bateu de frente com o deputado Eduardo Cunha, que manda
na bancada, e não tem ideia do efeito arrastão que o PMDB pode ter
nos outros partidos aliados.
Mas o mais devastador para Dilma é o efeito em Lula. Calado estava,
calado continua. Soltou nota burocrática na sexta-feira e escafedeu-se
para Lilongwe e Adis Abeba. Posto a salvo, enquanto Dilma vira cinzas.
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