sábado, 4 de janeiro de 2014

PRISÃO DOMICILIAR FORA DO DOMICÍLIO NÃO É SEQUESTRO?

A chocante perseguição da Globo à Genoíno

4 de janeiro de 2014 | 13:17 Autor: Miguel do Rosário
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Tantos fatos políticos acontecendo no Brasil, e o jornal O Globo continua obcecado em perseguir um homem doente e já condenado pela Justiça. O jornal publica hoje matéria de quase uma página inteira apenas para informar que Genoíno “mudou de endereço” em Brasília.
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Genoíno estava hospedado na casa de um amigo em Guará, um apartamento minúsculo onde moravam mais de cinco pessoas. O Globo não publicou nenhuma foto, porque não queria transmitir a imagem de “pobre”. O Globo também jamais publicou a foto da casa de Genoíno em São Paulo, pelas mesmas razões.
E agora, que Genoíno mudou-se para uma casa num condomínio de classe média, pertencente ao sogro de uma de suas filhas, o jornal entendeu que poderia obter uma fotografia melhor para prejudicar ainda mais a imagem pública do ex-deputado. E, de quebra, perseguir a sua família.
A matéria revela a perseguição de Barbosa, e da Globo, à Genoíno.
Confira esses trechos:
“Na sexta-feira passada, o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Joaquim Barbosa, relator do mensalão, rejeitou o pedido de transferência de Genoino para São Paulo e deixou claro que, se o ex-deputado quisesse fazer consulta particular com Kalil, teria que convidar o médico para realizar os exames em Brasília. Segundo o advogado Luiz Fernando Pacheco, Genoino não tem dinheiro para bancar as despesas com viagens de Kalil e, por isso, decidiu se consultar com médico local.
— O Genoino não teria como pagar essas despesas — disse.”
Ou seja, ao proibir Genoíno de cumprir prisão domiciliar em seu próprio… domicílio, conforme manda a lei, Barbosa mais uma vez ataca a saúde do parlamentar, porque impede-o de se tratar com seu médico.
A reportagem não menciona a denúncia do advogado de Pacheco, o qual informou que Barbosa compara Genoíno a Fernandinho Beira Mar ao negar a sua transferência para seu estado natal. Nem sei como comentar isso. Beira Mar é um preso de altíssima periculosidade, que, suspeita-se, ainda controla o tráfico de dentro da cadeia e sempre fugiu da autoridade. Genoíno se entregou à Justiça voluntariamente e foi condenado a regime semi-aberto. Não oferece perigo nenhum à sociedade. É um herói político por sua luta contra a ditadura e foi um dos parlamentares mais respeitados do Congresso Nacional. Hoje é um homem alquebrado pela tortura midiática que lhe foi inflingida, num processo viciado e político, segundo a opinião de vários juristas importantes, como Celso Bandeira de Mello.
Mais um trecho da matéria:
“Procurado pelo GLOBO, o ex-deputado não respondeu ao pedido de entrevista. Uma mulher, que estava na área externa da casa no momento da chegada da equipe de reportagem, disse que o ex-deputado está proibido de falar com jornalistas.
— Ele está cumprindo silêncio obsequioso, uma punição típica do Santo Ofício — disse Pacheco.
Um dos vizinhos do ex-deputado disse ao GLOBO que uma única vez viu Genoino fazendo exercícios físicos nos fundos da casa. Janelas e portas da casa estão sempre fechadas.
— Não tenho visto ele sair. Ele está recluso — disse o vizinho, que pediu para não ter o nome publicado no jornal.”
Genoíno está “proibido” de dar entrevistas. Por aí se vê o apreço que o Judiciário – e a mídia, que dá a notícia sem trazer uma crítica –  tem pela liberdade de expressão. Marcos Pereira, acusado de estupro, pode dar entrevistas à vontade. Outro dia revi Crime Real, filme de Clint Eastwood, interpretado pelo próprio, que faz um jornalista que descobre, no dia da condenação à morte de um prisioneiro, que ele é inocente. O condenado dá entrevistas normalmente ao principal jornal da cidade.
Genoíno, não. Ele não pode dar entrevistas porque Joaquim Barbosa, que trocou o juiz responsável pelos réus do mensalão por um outro, mais obediente e mais tucano, tem medo do que Genoíno possa dizer. Barbosa parece fazer de tudo para que Genoíno não sobreviva às humilhações midiáticas constantes que ele tem lhe imposto, a começar pela prisão sensacionalista, num feriado de 15 de novembro, e seu translado para um presídio em Brasília, a milhares de quilômetros de sua residência. E ao mantê-lo em regime fechado, quando a sua sentença determinava a prisão em regime semi-aberto.
A troco de quê o Globo entrevista vizinhos da casa onde está Genoíno? Qual o interesse em saber se as janelas da casa estão abertas ou fechadas? Não está claro que isso constitui mais uma perseguição, porque constrange não apenas o condenado mas todos os seus parentes que lhe deram abrigo? Não é mais uma razão para a Justiça autorizar que ele vá para seu domicílio, e cumpra lá a sentença de prisão domiciliar, conforme manda a lei e conforme se permite a todos os condenados nesse regime?

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