247 - O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, cotado para ser
vice de Aécio Neves numa chapa puro-sangue em 2014, não pode-
rá ser acusado de falta de coerência. Em artigo publicado neste do-
mingo ("Mudar o rumo"), nos jornais O Globo e Estado de S. Paulo,
FHC, que traça a linha de ação do PSDB e será, na prática, um dos formuladores do plano de governo do senador Aécio Neves (PSDB-
MG), pede um novo rumo ao País, que pode ser traduzido na reto-
mada da agenda liberal dos anos 90.
Na visão do ex-presidente, o Brasil teria retrocedido em várias fren-
tes, durante os governos dos presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e
Dilma Rousseff. Ele pede mudanças profundas, a começar pela polí-
tica externa. "É óbvio que a política externa brasileira precisará mu-
dar de foco, abrindo-se ao Pacífico, estreitar relações com os Esta-
dos Unidos e a Europa, não temer a concorrência e ajudar o país a
se preparar para ela", afirma. Embora não fale em retomada da Área
de Livre Comércio das Américas, FHC, claramente, condena o fato
de o Brasil ter priorizado o Mercosul em sua política externa. "Não
devemos ficar isolados em nossa região, hesitantes quanto ao boli-
varianismo, abraçados às irracionalidades da política argentinta", diz
ele.
FHC também prega um papel menor para a Petrobras nos leilões do
pré-sal. "A imposição de que a Petrobras seja operadora única e res-
ponda por pelo menos 30% da participação acionária em cada con-
sórcio (...), afugenta número maior de interessados nos leilões do
pré-sal, reduz o potencial de investimento em sua exploração e dimi-
nui os recursos que o Estado poderia obter com decantado regime de
partilha. É ruim para a Petrobras e péssimo para o país."
Naturalmente, o ex-presidente também faz um elogio da privatização
e diz que "o governo faz contorcionismo verbal para negar que con-
cessões sejam modalidades de privatização", o que, segundo ele, se-
ria "patético". Ele afirma ainda que a inflação só não saiu da meta,
porque diversos preços estariam sendo controlados artificialmente pe-
lo governo.
"É preciso redesenhar a rota do país. Dois terços dos entrevistados
em recentes pesquisas eleitorais dizem desejar mudanças no gover-
no. Há um grito parado no ar, um sentimento difuso, mas que está
presente. Cabe às oposições expressá-lo e dar-lhe consequências po-
líticas. É a esperança que tenho para 2014 e são meus votos para
que o ano seja bom", diz FHC.
Na prática, o ex-presidente prega um novo choque liberal no País.
Será que é isso o que os brasileiros estarão buscando em outubro
de 2014?
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