segunda-feira, 4 de novembro de 2013

NOGUEIRA ADVERTE: DIREITA HIDRÓFOBA VAI ACABAR COM O PSDB

O que está por trás do ataque de Míriam Leitão à ‘direita hidrófoba’ que emburrece o país


Postado em 04 nov 2013
Ela defendeu corajosamente JB, aspas
Faltou citar Jabor
Tinha já prometido a mim mesmo não falar mais num determinado blogueiro de 
extrema direita que, em poucos dias, foi transformado num minizoo por três 
mulheres. Uma o chamou de rottweiller, por latir, outra de pato, por fazer várias 
coisas e todas mal, e a terceira de burro, por razões fáceis de entender.
Mas a repercussão alcançada sobretudo pela última delas – a que chamou o 
blogueiro de burro, Míriam Leitão — me obriga a voltar a ele. Porque se instalou 
uma perplexidade: o que está acontecendo na mídia corporativa e conservadora? 
Por que a dissonância recente depois de tanta concordância?
O marco zero, para mim, foi um artigo em que Noblat bateu forte em Joaquim 
Barbosa, tratado como semideus pela mídia. Aquilo não estava no roteiro, não 
em Noblat, não no Globo.
Notei. E especulei, na época, que poderia estar havendo um cansaço nos colunistas 
que, para encurtar, são pagos para defender os interesses e privilégios de seus 
patrões.
Mesmo os melhores salários são insuficientes quando você olha o espelho pela manhã 
e se diz: lá vou eu contribuir, como faço todos os dias, por um país tão iníquo quanto 
este.
E existe também a questão da posteridade. Carlos Lacerda fez o mesmo em seu 
tempo: hoje é amplamente desprezado pela história como um canalha que usou o 
jornalismo para defender os poderosos.
Ninguém quer ser tido pela posteridade como um canalha, um vendido, um homem 
vil como Carlos Lacerda.
Que os bilionários donos de empresas de mídia se batam fervorosamente pelas 
mamatas – benesses estatais — que os fizeram acumular fortunas fabulosas é 
compreensível. Mas que jornalistas assalariados os ajudem nisso, em detrimento 
da sociedade, dos pobres, dos favelados, isso é outra questão.
Chega uma momento em que você explode.
É dentro desse contexto que entendo Suzana Singer qualificar certo novo colunista
 como ‘rottweiler’. Ela não aguentou. Jorrou dela, no instinto e não na razão, a coluna 
revoltada não contra o colunista, mas contra o jornal que o convidou.
Tenho para mim que este tipo de coisa vai acontecer cada vez mais: revoltas nas 
redações explosivas, súbitas contra empresas jornalísticas que, como a Folha de 
Singer, radicalizaram sua luta por privilégios e contra um Brasil socialmente justo.
Também Míriam Leitão escreveu com o instinto, mas com seus cuidados habituais 
de boa funcionária da Globo. Falou na “direita hidrófoba” representada por certo 
colunista, mas não citou expoentes desse grupo dentro da Globo, como Jabor. 
Falou em Rodrigo Constantino, mas para este ninguém liga, dada sua irrelevância.
É divertido ler, em retrospectiva, um catatau em que o alvo de Míriam Leitão a 
atacava. Nele, era cobrado dela que se desculpasse ao senador Demóstenes 
Torres, que ela chamara de ‘famoso sem noção’. Ela é tratada como vigarista, 
mentirosa, falaciosa,  e recebe patéticas lições de economia sobre a questão 
cambial — tudo isso na defesa de Demóstenes.
Há, também, uma outra lógica no ataque aos hidrófobos. Eles atrapalham a causa 
pela qual atabalhoadamente se batem. Não conquistam adeptos, mas afastam as 
pessoas que não são fundamentalistas como eles mesmos.
O certo polemista tratado como burro, pato e rottweiler: que eleição ele ganhou 
desde que apareceu, já na meia idade, para o jornalismo hidrófobo graças à 
radicalização da Veja?
Me parece que Míriam Leitão está sugerindo ao PSDB que se afaste dos hidrófobos 
de direita. Serra, por exemplo, é amplamente associado ao blogueiro-zoológico, e 
tão rejeitado na política como ele é entre os jornalistas de verdade.
Nisso, e pelo menos nisso, Míriam Leitão está certa: ou o PSDB se afasta dos 
hidrófobos, e sai da direita vociferante rumo ao centro em que surgiu, ou os hidrófobos 
acabam com o PSDB.
Sobre o Autor
O jornalista Paulo Nogueira, baseado em Londres, é fundador e 
diretor editorial do site de notícias e análises Diário do Centro do 
Mundo.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Os comentários são bem-vindos, desde que não contenham expressões ofensivas ou chulas, nem atentem contra as leis vigentes no Brasil sobre a honra e imagem de pessoas e instituições.