quinta-feira, 3 de outubro de 2013

CAPA DA ECONOMIST ERA PARA DIVULGAR EVENTO MILIONÁRIO

Evento da publicação inglesa fatura Brasil sem “z”

Capa que circula na Europa e no resto do mundo. A capa contra o Brasil foi de pequena tiragem, para despertar atenção para o evento da The Economist em São Paulo.
Não estou sugerindo que a respeitada bíblia liberal do jornalismo econômico britânico,The Economist, esteja criando capas polêmicas para depois gerar outros negócios mais rentáveis do que vender assinatura de revista. Mas, que a unidade de eventos da empresa está rápida no gatilho, é inegável. Depois de a reportagem de capa sobre o Brasil na versão da revista para América Latina liderar por dias os comentários nas redes sociais – e ser até motivo de ironias por parte da presidente Dilma Rousseff no Twitter –, a dona da publicação anuncia a realização da conferência Brasil Summit 2013. Será um dia inteiro de debates com autoridades, empresários e jornalistas da publicação em 24 de outubro, em São Paulo no hotel Grand Hyatt, com custo de adesão de US$ 1.795,00 por cabeça.
A realização desses eventos é recorrente e costuma ficar em cartaz no site da publicação por semanas, como é o caso atual do Ghana Summit, que vendem para 29/10. O do Brasil escrito assim com “s” aparece apenas no endereço eletrônico da unidade de negócios latino-americana. Já a reportagem que, na certa, incentivou o evento lidera o ranking das reportagens mais vistas da revista no site oficial.
Com 14 páginas e intitulada Has Brazil Blown it? (O Brasil estragou tudo) a matéria saiu na capa da edição dedicada à América Latina e funcionou como contraponto à reportagem similar, embora com o sinal invertido, publicada há quatro anos: Brazil take off (o Brasil decola). A imagem do Cristo Redentor é a referência nas duas edições. E isso, lógico, virou um grande apelo de marketing, propício para levantar discussões como se pretende com a conferência. Afinal, até quem nunca sequer tinha ouvido falar da revista deu o seu pitaco sobre o tema da reportagem nas páginas do Facebook. As duas capas capitalizaram as opiniões, seja contra ou a favor do que foi levantado pela matéria publicada.
Capa polêmica The Economist
O assunto quente nas mentes e corações deve render audiência para o debate proposto com o tema “Novos condutores do Crescimento Econômico”, conforme anúncio veiculado hoje na mídia impressa (30/09). Na divulgação os organizadores informam que vão traduzir o pensamento afiado da revista para promover um debate animado sobre o futuro do Brasil. A divisão The Economist Events executa mais de 100 eventos por ano nos quatro continentes. O montado para o público brasileiro tem as celebridades habituais nos últimos tempos na categoria, como o juiz do Supremo Joaquim Barbosa, o cozinheiro Alex Atala, o publicitário Nizan Guanaes, o economista Gustavo Franco e, surpresa, os governadores do PSDB, Antônio Anastasia, de Minas Gerais, e Marconi Perillo, de Goiás.
Na pauta, o político goiano participa de um debate sobre o desafio da infraestrutura no País ao lado de Otavio Azevedo, executivo da megaconstrutora Andrade Gutierrez e terá por mediador, Michael Reid, editor da edição Américas da The Economist. Já o governador mineiro, estará no painel que debate “a atratividade do Rio de Janeiro como um hub para grandes multinacionais, que está se intensificando”, ao lado de Laercio Cosentino, presidente da empresa de software TOTVS, e será moderado por Irene Mia, diretora da Latin America, Economist Intelligence Unit.
Se você está fazendo a mesma pergunta que eu, desista. Eu também não entendi por que o governador de Minas vai conversar com um empresário instalado em São Paulo sobre o futuro do Rio. Mas isso pode gerar polêmica, certo? E polêmica, vamos combinar, pode ser bom marketing, desde que aproveitado com elegância e com a chancela de uma grande marca.

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