Eu, Eduardo Guimarães e José Genoíno.
Alguns comentários de companheiros de esquerda que muito respeito parecem pesquisa do Datafolha, que costuma dar 40% de preferência ao Serra até dois anos antes da eleição! Esses observadores, na minha modesta opinião, aceitam a pauta ditada pela mídia tucanófila, e repetem que teremos um segundo turno para Presidente simplesmente porque Marina Silva aderiu a Eduardo Campos.
Não vejo por quê. Já se contava com a candidatura de Eduardo, em oposição a Dilma. Marina teria alguma força caso tivesse conseguido legalizar sua "Rede", mas mesmo assim jamais poderia partir de um patamar de 20 milhões de votos. Isso é recall sem base na realidade - e mesmo pesquisas sérias, a um ano das eleições, significam muito pouco. Servem, é claro, para nortear o noticiário do PIG e ajudam na arrecadação de fundos (legais e ilegais). Cada eleição é uma eleição, e é simplista demais (além de conter enorme "margem de erro") projetar a próxima com base na anterior. Simplesmente, não é assim que funciona.Meu querido amigo e bem-informado blogueiro Eduardo Guimarães, parece ter-se deixado embalar nesta onda, ao tratar um segundo turno como inevitável, devido aos fatos da semana passada (filiação da Marina ao PSB). Não sou otimista ao ponto de descartar a hipótese, porém creio que não há elementos na realidade para considerá-la já definida.
Quem disse que Dilma Roussef vai parar de crescer, justamente quando entra na fase de colher os frutos plantados nos primeiros três anos de governo? Se inaugurar total ou parcialmente a transposição das águas do São Francisco, que impacto isso terá no eleitorado nordestino? Se a inflação continuar controlada, o desemprego em níveis baixos, as primeiras turmas das novas universidades federais começando a se formar, o "Mais Médicos" atendendo a milhões de pessoas até então carentes - se o rumo permanecer como está, enfim, a quanto poderá subir a aprovação do governo e de sua Presidenta?
Os fatores anti-Dilma também já estavam previstos, como a frenética e terrorista campanha do PIG contra a sua candidatura, o PT e Lula. Isso não mudou.
Vejo também um aspecto importante: Marina é útil à direitona até um certo ponto, mas o candidato que ela prefere é o do PSDB, provavelmente Aécio, na falta de Serra (que não está morto e ainda vai lutar muito para ser o candidato tucano, com seus métodos que todos conhecemos: Aécio é vulnerável demais). Lá prá março, abril, se Aécio não estiver crescendo muito, o Serra puxa-lhe o tapete. O alvo seguinte do PSDB-PIG serão Eduardo e Marina, nesta ou na ordem inversa, dependendo da chapa que formarem.
A oposição vai brigar pelo segundo lugar no primeiro turno, e a própria guerra pode tirar votos de todos os seus candidatos, que disputam o mesmo eleitorado anti-PT. Por que imaginar que só Dilma pode perder apoios? Sim, pode ocorrer, como tudo numa campanha, mas HOJE não há indicações concretas disso.
Assim, embora me constranja discordar de um amigo que tanto admiro como o Edú Guimarães e outros que seguem a mesma linha de análise, atrevo-me a dizer que falar do segundo turno como o caminho natural do processo me parece altamente DESMOBILIZADOR. É diferente encarar uma campanha na busca de uma vitória em primeiro turno, ou começá-la já contando com o fracasso e a consequente segunda rodada.
Creio que as esquerdas e setores amplos que apóiam Dilma devem mirar suas energias todas numa campanha empolgante que nos dê a vitória no primeiro turno, em 5 de outubro próximo. O resto é possibilidade, para a qual devemos estar preparados, mas sem apregoá-la desde já ao eleitorado. Temos que "ir com tudo"; se não der, que Dilma vença com boa diferença e em condições de crescer muito mais num segundo turno. Mas o "plano B" é "plano B", e não deve ser tratado como prioridade. Ou, naturalmente, vira o "plano A"...
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